Continuando...
- Tem todos
os órgãos iguais aos dos homens. – interferiu Dr. Walter.
- É Walter,
só o sangue que difere. Tem momentos que acho que foi uma mutação. Depois
daquela explosão... – ele interrompeu e olhou para Natasha. Pela expressão não
ia concluir a sua narrativa. Parece que se arrependeu de ter começado a falar
de uma coisa que era quase um segredo de estado, só que o estado não sabia, e
que envolvia umas poucas pessoas.
Natasha só
estava ali para cuidar do paciente, mais nada. Desconhecia se havia experimento
envolvendo aquele misterioso ser. Eles não colocaram as cartas em cima da
mesa. Nada foi mostrado claramente. E já
que estava ali, não podia recuar. Então, como enfermeira formada numa
universidade em São Paulo, agora trabalhava quase que como uma baba.
Ela ouviu
claramente quando ele disse, disse e se arrependeu rapidamente, que tinha
havido uma explosão. Agora, explosão do quê? E onde? O Dr. Fergusson percebeu
que Natasha parecia pensativa e isso o deixou com uma pulga atrás da orelha.
Não querendo correr riscos, já que no meio da conversa com o outro médico
pudesse escapar mais alguma coisa comprometedora, preferiu dispensar a
enfermeira. Mas antes que saísse, disse para que ela voltasse dentro de meia
hora.
Com esse
convite para se retirar, sem nenhuma justificativa, só fez aguçar ainda mais a
curiosidade de Natasha. O fato de ter havido uma explosão em algum lugar, num
tempo não determinado, e a origem dessa explosão sem explicação, fazia cocegas
no cérebro da enfermeira. Devia ser alguma coisa muita séria para que o médico
interrompesse o comentário e a convidasse a se retirar da sala. Em três anos,
nunca havia acontecido aquilo, e ela se lembrou na hora. Mais tarde voltaria e conversaria com Dyllon,
a respeito desse comentário do Dr. Fergusson. Olhou para o relógio e marcou a
hora que voltaria. Mas antes de sair, deu uma olhada discreta para os médicos,
que já estavam de costas para o paciente, conversando no tom de quase cochicho.
No mesmo
instante que o Dr. Ferguson mandou Natasha sair da sala, o Dr. Walter chamou a
atenção do colega.
-
Fergusson, cuidado com o que fala.
- Mas
percebi, acho que ela não pescou nada, e interrompi o comentário imediatamente.
Nesses anos todos, nós nunca deixamos escapar qualquer coisa para a enfermeira.
Esse descuido meu, é imperdoável. – se justificou Dr. Fergusson, meio sem
jeito.
- Não estou
falando só em relação a enfermeira. Estive pensando, também, sobre o nosso
enigmático paciente. Acredito, já que ele está de olhos abertos, que ele possa
estar entendendo tudo que se passa ao seu redor. Não sabendo ainda o seu poder
de entendimento, então toda vigilância é pouca.
Passado o
tempo, precisamente meia hora, Natasha retornou para o quarto enfermaria. Os
dois médicos ainda continuavam conversando à boca miúda, mas ela não conseguia
entender o que falavam, apenas ouvia alguma coisa como se fosse um zumbido.
Quando perceberam a chegada da enfermeira, pararam de conversar, se viraram
para Dyllon, deram uma olhadela da cabeça aos pés e se retiraram do recinto,
sem ao menos olhar para Natasha.
Com a saída
deles, Natasha ainda esperou alguns minutos antes de se aproximar de Dyllon. Mal
colocou a mão no seu braço, as presilhas se soltaram e ele levantou-se
rapidamente. A enfermeira levou o maior susto, pois ainda não se acostumara com
o fato do amigo conseguir se livrar tão rapidamente das presilhas que, para
quem o via diariamente, parecia um adereço, o mantivera prisioneiro por vários
anos. Ela colocou a mão na boca e conseguiu engolir o grito que já estava
prestes a tomar conta da sala. Dyllon, já em pé na sua frente, apenas ria
gostosamente com a cara de espanto de Natasha.
- Meu
Deus, Dyllon! Assim você me mata de susto! O meu coração está batendo aqui na
boca! – colocando um dedo nos lábios - Não faz mais isso não, tá? Me avisa
primeiro! Dyllon, tira esse riso da cara. Sabia que você quando ri, o rosto
todo ri junto? Tá curtindo com a minha cara, Dyllon?
.....Continua Semana que vem!