terça-feira, 13 de agosto de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 16

 


Continuando...

        Natasha, depois de caminhar ao redor da cama de Dyllon, já tinha perdido a conta de quantas vezes fizera isso, parou repentinamente e colocou a mão fria no braço do estranho enfermo. Esse toque fez com que Dyllon saísse da carga de pensamentos que o envolvera durante um tempo que não saberia mensurar e lembrasse da enfermeira. Foi aí que ele percebeu que ela tinha parado de andar em volta da sua cama. Respirou fundo uma, duas vezes.

            - O que houve, Natasha? – perguntou em seguida.

            - Estou pensando, só isso.

            - Mas pensando em quê, Natasha? – quis saber, já demonstrando uma grande curiosidade.

             - Dyllon, muito estranho você conseguir saber o que aquele rapaz estava pensando e não ler o meu pensamento. Acho que não acredito.

            - Você acredita que eu inventei isso? Escutei sim ele pensando, mas não sei o porquê, não consigo saber o que você pensa. Por isso me considera um mentiroso? 

            Ela parecia sem ação. Talvez não conseguisse, naquele momento, responder. Na verdade, estava envergonhada ao duvidar do que ele dissera. Como duvidar de uma pessoa que estivera vinte anos dormindo? Mesmo não o conhecendo, não era motivo para duvidar dele. Natasha deu um sorriso meio sem jeito e realmente sem graça respondeu-o.

            - Não é isso Dyllon. Desculpe. Mesmo não sabendo quem você é, não tenho o direito de questioná-lo. Puxa vida, nunca me senti tão encabulada! A minha intenção não foi magoa-lo. Você me...

            - Deixa pra lá, Natasha. – ele não esperou para ver se ela tinha mais alguma coisa para dizer, interrompendo-a. – Me diz uma coisa: o turno desse rapaz terminou ou começou, na hora que você veio para cá?

             - Terminou às sete horas. Você me desculpa?

             - Tudo bem, Natasha. Não tenho o que desculpar. Vamos ao que interessa mais nesse momento. Então o próximo turno dele vai ser amanhã às sete?   

             - Isso. O que é que você pensou?

             Dyllon ficou pensativo olhando para o teto, na verdade era o único lugar que podia olhar, além da parede a sua frente. Ainda não tinha uma solução para passar para ela. Nisso ouviu o rapaz conversando com alguma pessoa. Não conseguia entender o que eles falavam. Escutou um nome: William.

             - Natasha, quem é William? – perguntou  sem, no entanto, se desligar da conversa dos dois.

             - Não sei. – Natasha respondeu com uma ponta de tristeza.

             - Ele está conversando com alguém.

             - Quem, Dyllon?

             - Esse tal de William. Me deixa ouvir mais. A conversa não está muito clara. Mas... agora ele falou no seu nome.  

             - O que ele disse? – falou ansiosa a enfermeira.

             - Não sei. Melhorou. Ele pegou o seu bilhete. Não sei porquê, mas agora estou ouvindo melhor. Ele fala sobre o seu bilhete e pede ao colega se ele pode ajudá-lo a conversar com você. O outro lembra-o da proibição de eles não poderem manter qualquer tipo de contado com a enfermeira, no caso você.

             - Por que não podem falar comigo?

             - Ué! No seu contrato você também não é proibida de manter qualquer tipo de relacionamento com outros funcionários? Então, eles, pelo menos com você, também são proibidos de manter qualquer laço de amizade ou sei lá mais o quê.   

             - É isso mesmo. Às vezes que passei por ele, quase nem olhou para mim. Quando falava, era um bom dia, entre dentes.

             Dyllon ficou em silêncio e direcionou o seu olhar para cima, parecendo  que estava tentando saber de mais alguma coisa. Natasha o olhava insistentemente, mas ele se manteve calado, sem atender os seus apelos mudos. Absorto estava e absorto continuou, deixando claro que não ia falar nada, pelo menos naquele momento, e então cerrou os olhos.

               A enfermeira, parecendo decepcionada, fez um muxoxo e ameaçou ir senta-se na poltrona. Mesmo de olhos fechados ele percebeu a sua intenção e, antes que se virasse, deixou escapar um sorriso. Natasha viu e bateu levemente em seu braço.

......Continua Semana que vem!

 

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