terça-feira, 6 de agosto de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 15

 


Continuando...

              Dyllon fechou os olhos. O seu rosto dava alguns espasmos. Natasha, ao levantar a cabeça, notou essa transformação no semblante do seu paciente. Tentou perguntar o que estava acontecendo com ele, mas não conseguiu. O silêncio tomou conta dela, sem ela querer. E assim o tempo foi passando até que Dyllon abriu os olhos.

                - O que houve? – perguntou Natasha ansiosa, conseguindo quebrar o silêncio.

                - Natasha, não sei direito o que aconteceu. – respondeu demonstrando surpresa no que tinha se passado naqueles poucos segundos – Tive a sensação que estava em transe. Estranhíssimo. Estranhíssimo. Você não vai acreditar.

            - Conta logo! Conta logo! – disse ela ansiosíssima.

            - Se prepara para não cair. Eu ouvi o pensamento do rapaz.

            - Como é que é? O que é isso, Dyllon? Você ouviu o quê? Escutei bem?

             - Foi isso mesmo. Eu ouvi o rapaz pensando, enquanto lia o seu bilhete. O que ele pensava, consegui escutar, mas o que ele lia, o seu bilhete, não consegui entender, mesmo ele balbuciado palavra por palavra. Não sei explicar o que aconteceu. Mas... Mas uma coisa é certa: pelo o que escutei, ele ficou entusiasmado com a sua cartinha. Agora me conta: o que você escreveu pra ele?

             Natasha não respondeu, ficou um tempo pensativa, com um sorriso de satisfação, que até os olhos sorriram, mas um pouco corada também, porque, mesmo com medo de ficar ali, ela gostava do rapaz. De repente ficou séria e olhou para Dyllon.

            - Dyllon – disse ela, sem responder a pergunta - já pensou se ele não aceitasse o que escrevi e falasse com os médicos?

            - Fica calma, Natasha. Ele gostou do que você escreveu e está pensando em um jeito de encontrá-la.

            - Como é que você sabe? – perguntou ela.

            - Eu não disse que escutei o pensamento dele? Então, continuo a ouvir. Ele vai escrever para você.  

            - Ih Dyllon! Assim você me assusta! Você é bruxo? – disse com uma expressão assustada.

            Ele deixou escapar um sorriso, antes de responder essa pergunta, que achou descabida.

             - O que é isso, Natasha? Desde quando eu sou um bruxo? Que pergunta absurda é essa? Você só pode estar de brincadeira!

             - Como absurda? Você está ouvindo uma pessoa pensando. Isso não é coisa de bruxaria?

            - Não sei. Mas eu não estou ouvindo os médicos. E nem ouço o seu pensamento.

            - Graças a Deus! – exclamou Natasha, dando um suspiro de alívio. Mas em seguida deixou flutuar um leve sorriso.

            - Pode deixar, quando ouvir os seus pensamentos, não vou comentar. – falou, demonstrando seriedade, para deixa-la um pouco preocupada. Depois fez um silêncio provocativo e não esperou que ela fizesse qualquer comentário e sorriu. Imediatamente Natasha espantou o ar de preocupação.  -  Natasha, pode ser que os médicos, no momento, não estão conectados com você. Espero descobrir isso num futuro bem próximo. E antes que me esqueça: eu não sou bruxo. Essa é a única certeza que eu tenho.

            Natasha nada falou e começou a andar pela enfermaria acompanhada do silêncio. Passou algumas vezes nos pés da cama de Dyllon, um dos seus campos visuais, o outro é o teto da enfermaria, mas sem dirigir uma palavra sequer para ele.  Enquanto isso ele cismava. Viajava nas interrogações. Até aquele momento não conseguia entender como conseguiu captar o pensamento de uma pessoa, que estava do outro lado daquelas paredes que o cercava. Mas não conseguiu chegar até as mentes dos médicos e muito menos da de Natasha, que estava tão próxima dele. Era mais um mistério para a sua já tão misteriosa vida. Quem era ele? O que era ele? Viu mais uma vez Natasha passar na sua frente, cabeça baixa e semblante carregado, mas sem se dar conta do que aquilo representava para ele, já que estava mergulhado nas suas interrogações.  

.........Continua Semana que vem!

 

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