Continuando...
Depois de ficar extasiado, dei uma olhadinha para o céu: meu Deus, o que é isso? Quase morri de susto! Nunca tinha visto uma coisa daquelas! A gente escuta os astrônomos comentarem. Mas eu estava vendo: eram dois sois brilhando intensamente, num céu que eu nunca tinha visto. Eu estava ali exposto àqueles raios que não me queimavam nem um pouquinho. E o mais interessante é que eu conseguia olhar para eles, sem sentir qualquer incomodo nos meus olhos. Estava sonhando. Só podia estar. Quem mandou eu ler tanta coisa sobre ficção. A minha cabeça era uma bagunça só. Percebi ou imaginei que eu recebia esses pensamentos. Realmente pareciam que não eram meus. Será?
Resolvi caminhar, mas para minha surpresa não consegui tirar o pé do chão. Olhei para ver o que estava acontecendo com os meus pés. Aparentemente estava tudo bem. Estavam livres, nada os prendiam. Não consegui entender o que estava se passando comigo. Tentei novamente e nada aconteceu. Estou paralítico? Quase gritei. Pensei que fosse entrar em pânico. Um suor brotou na minha testa. Era o medo, sem dúvida. Pensei em levantar o meu braço, para passar a mão na testa, mas ficou só na tentativa. O braço ficou no mesmo lugar. A sensação era que alguma coisa puxava ele para baixo. Estava ali como um poste fixo naquele chão, que não sabia aonde era. Olhei para o alto e lá estavam os dois sois, como olhos, a mirar-me. Quase chorei, mas de repente um vento, que não era forte, circulou em volta do meu corpo. Circulou e sumiu. E com ele foi-se o medo. Voltei a ficar tranquilo.
Que lugar era aquele, sem casas, sem gente, sem animais, sem nada. Vazio não era, porque tinha o riacho, montanhas e vegetação. Enquanto olhava aquilo tudo pensando, a poucos metros de mim, surgiu um ponto luminoso. Desse ponto surgiram outros. E eles foram se afastando uns dos outros. De repente um desses pontos foi se transformando em um rosto. Não um rosto igual ao nosso. Ele era translúcido. Em seguida formou-se também o corpo, com a mesma forma translúcida. Em frações de segundos, todos os pontos luminosos sofreram a mesma metamorfose. Fiquei rodeados de seres que só via, mas não conseguiria pegar, com certeza. Começaram a formar um grande círculo, em torno de mim. Um desse seres se aproximou e rodeou-me. De repente levantou um braço, pelo menos achei que era, mesmo não o vendo. Parecia que estava coberto com alguma coisa. Não sei explicar o que vi. Nesse instante um dos meus braços também se levantou. E depois o outro. Pareciam leves. Continuando, ele direcionou o braço para as minhas pernas, e eu, sem poder controlar os movimentos, comecei a andar. Me senti um robô. Olhei para os seres que estavam a minha frente e tive a sensação que sorriam. Ou estavam achando graça daquele ser de carne e osso que estava ali servindo de chacota para eles.
Vi um pássaro, muito colorido, pousar no ombro desse ser que estava a poucos metros de mim. O interessante é que ele não era translúcido. Ele voou de um braço para o outro. Eu sabia que era uma ave, mas era diferente das aves que costumamos ver. Depois de alguns minutos voando de um braço para o outro, ela parou e começou a cantar. O som era inimaginável. O som era de uma orquestra. Olhava sem saber o que estava acontecendo de verdade. Aquilo parecia sonho. Olhei em volta, e os seres estavam com as cabeças um pouco tombadas para frente, pareciam mergulhados em alguma forma de prece. Sei lá! Talvez uma reverência. Vi também o pássaro fazer a mesma coisa. Automaticamente fechei os olhos.”
Uma mão fria pousou no meu braço. Tremi dos pés à cabeça. Não podia imaginar o que aqueles seres fariam comigo. Apertei os olhos para não ver. A mão continuou encostada na minha pele. Agora não estava tão fria assim. E eu continuava vivo. Mas o medo chegava quase a morte. O tempo foi passando e eu sem abrir os olhos. E a coragem? Não sei o que é menos pior, morrer de olho fechado ou de olho aberto. Tem diferença? Morrer é morrer. Já que vou partir, vou com dignidade: vou de olho aberto. Então abri os olhos. Qual não foi a minha surpresa: a deusa ou anjo, sei lá, olhava para mim. Renasci. Na hora já era outra pessoa. Dei um sorriso escancarado. – Pensei que você dormia. – disse ela. Eu também. Acho que estava mergulhado em um sonho. Respondi. Ela quis saber o que sonhava. Achei que não podia contar. Disse apenas que não lembrava. Ela me olhou, deixou escorregar um sorriso, parecendo não acreditar, mas não insistiu. Depois falou baixinho que queria conversar comigo. Era assunto sério.
......Continua Semana que vem!
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