terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Vila do Prazer - Parte 4

 


Continuando...

           A vida da vila mudou completamente. O sorriso agora era uma constante nos lábios dos moradores. O encontro matinal, coisa que não existia, parecia um momento festivo. Lá estavam todos, às sete horas em ponto, para verem o casal e darem, em coro, um bom dia sonoro.

        Dona Hermelinda e seu Alfredo começaram a notar essa recepção matutina. Coisas que nunca tinham visto, passaram a ver diariamente, as crianças num corre-corre alegre pela vila. Hermelinda então, comentou com o marido:

          - Alfredo. É impressão minha ou os nossos vizinhos estão realmente mais felizes? Quando chegamos aqui, não vimos a cara da alegria circular entre eles. Aconteceu alguma coisa. Mas isso não vem ao caso. O importante é que agora já somos visíveis. Só falta eles conversarem conosco. 

          - É mulher! mas é estranho. – falou o marido.

          - O que é que tem de estranho?

          - Hermelinda, eles até hoje não nos dirigiram uma palavra sequer. Já estamos aqui há quase três meses.

          - Meu velho, isso é uma questão de tempo. Qualquer dia eles falam. Vamos andando para não nos atrasarmos. Já estou com saudade das crianças.

          Os dois entraram no carro, que ficava parado em frente à casa, e foram para o orfanato onde faziam trabalho voluntário. Em seguida saíram os outros homens para o trabalho, enquanto que as mulheres ficaram trocando segredos sobre a noite anterior. As crianças Pedro e Lucas, filhos de Rosilda e Demerval, e Larissa, temporão de Vera e João Pedro, esperavam a van para irem para o colégio.

           À tardinha, lá pelas 17 horas, todas as janelas já estavam escancaradas e lá estavam, com os seios apoiados no peitoril, Vera, Rosilda e Maria, moradora da casa 05. Essa recepção passou também a ser costumeira. A alegria passeava de uma vizinha para a outra. Os maridos, que meses atrás demoravam a chegar em casa, agora não passavam das 18 horas. Todos esperavam ansiosos às 21 horas. Mas antes, coisa que foi se tornando um hábito, todos jantavam juntos e as crianças iam para a cama às 19 horas. 

..................Continua semana que vem!

 

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