quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Vila do Prazer - Parte 01

 


          

Subúrbio do Rio. Uma vila do século XX, com cinco casas, resistiu heroicamente à passagem do século e continua bem conservada nos dias de hoje, sendo escolhida como palco onde desenrolou essa história.  Vamos batizá-la de “Vila do Prazer”, mesmo tendo outro nome gravado no portal de entrada.

          A vila continua sendo de propriedade da mesma família que a construiu no ano de 1911. O seu Joaquim, português que chegara no final do século 19, desembarcou no Rio de Janeiro, com apenas uma pequena mala e mais nada. Trabalhou duro para não morrer de fome. Depois da inauguração do Porto do Rio de Janeiro, em 1910, foi trabalhar no Cais da Gamboa, o mais antigo, ali conseguiu economizar o suficiente para construir a casa da sua futura família.

           Procurou nas imediações alguma propriedade, mas, na verdade, o que tinha economizado, não dava para comprar nada por ali. Então, indicado por um amigo de trabalho, foi para uma região, no subúrbio, onde era praticamente inabitada, e comprou um terreno vazio, ali começou, algum tempo depois, a construir o sonho da sua vida. Fez a primeira casa, no final da propriedade, onde seria o seu lar. Depois de pronta colocou um nome no alto da fachada: “Vila da Fé”.

         Limpou todo o terreno e idealizou um pomar. Só que não conseguiu plantar nenhuma árvore frutífera. O terreno continuou completamente vazio, até virar um matagal. Aquilo para ele foi o caos. Para complicar, ainda não tinha se enamorado por nenhuma rapariga e o casamento estava ainda distante. E mais um agravante, era longa a distância do seu emprego até a sua propriedade. Logo continuou morando no mesmo quarto de uma pensão próximo ao cais do porto. Agora o que fazer com a sua propriedade? Não tinha outra saída a não ser alugar. E foi isso que fez. Mas antes, olhando de frente para a casa, leu e releu o nome que tinha colocado na fachada. De repente veio-lhe à cabeça um pensamento não tão inatingível: construir outras casas e fazer realmente jus aquele nome, vila.  

          A primeira providência foi cercar toda a propriedade. Depois veio o projeto, riscado por ele mesmo, de quatro casas germinadas, ocupando o restante do terreno. Com a primeira pronta e rendendo com o aluguel, começaria a qualquer momento a construção das outras, mas antes colocaria uma cerca de madeira isolando-a das demais. E foi isso que fez, mais rápido do que imaginara.

         Nos finais de semana lá ia seu Joaquim colocar tijolos sobre tijolos. Às vezes contava com a ajuda de amigos, mas à maioria das vezes era encontrado sozinho, dando continuidade ao seu projeto. E assim foi por longos cinco anos, até construir as quatro casas, num vai e vem ininterrupto. 

..............Continua semana que vem!

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