Novelo
- José Timotheo -
A eternidade é um novelo
Sem início e sem fim
Olho a minha existência
Ano zero
Mas não sei
Se foi realmente ali
O meu início
A única certeza
É que é o marco de agora
E isso não tenho dúvida
Nessa estrada plantei
Amigos, amores e dissabores
E depois de tanto caminhar
Vejo que pouco sei do caminho
As pessoas que estão ao lado
Não vejo mais as imagens de antanho
Apenas fragmentos daqueles rostos
Que passeiam por essa linha do tempo
O que a eternidade faz com a gente
É tão difícil nos reconhecermos
Caminhante nesse fio imaginário
Só tenho certeza que aqui estou
Pelos tropeços que dei
Mas com esses tropeços, fui adiante
Fico preocupado, depois de tanto
Me equilibrar nessa linha
Imaginar e idealizar deus
E quando lá chegar, não mais reconhecê-lo
Tenho vontade de pegar o novelo
E ir enrolando o fio usado
Até chegar ao ano zero
Aí tentar programar um desenrolar
Sem surpresas e dúvidas
Fazendo anotações a cada passo
Passo sobre passo
Pensar, repensar o que andei
E o que ainda poderei andar
Só não consigo enrolar
Ou desenrolar o amanhã
Sonhos não vão
Ou voltam para o novelo
Sou a sombra do agora
Imaginar o final, até posso
Mas a certeza do fim, não
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