terça-feira, 6 de abril de 2021

Nos Escaninhos do Coração - Parte 20

 


Continuando...

          A noite prometia chuva e uma temperatura mais baixa. Mas torciam para que isso não acontecesse. Luiz conhecia um pouquinho quando a chuva estava pra chegar. Ao norte muitas nuvens negras se destacavam no horizonte. E o vento que chegava, deixava a sensação que as nuvens estavam atreladas a ele. Entretanto ali, o céu estava limpíssimo e o sol se mostrando todo poderoso.

        Luiza olhava para as montanhas distantes. De repente viu alguma coisa brilhando, em uma delas. Um brilho forte, parecendo que a luz solar refletia em algum espelho gigante. Karen percebendo a sua expressão curiosa, se adiantou e disse:

         - Tá curiosa, hein? Luiza, aquele brilho é proveniente das ferragens de um avião, que caiu lá há alguns anos. Com a colisão não sobreviveu ninguém. E é precisamente a montanha que vamos escalar amanhã. Vocês vão comprovar as minhas palavras.

          Em meio ao bate papo animado, Bordélo sacou o seu violão da capa e dedilhou uma canção, de sua autoria, que falava sobre aquele rio, as matas que formavam aquele ecossistema e uma montanha, precisamente aquela que tinha os restos da aeronave, citada por Karen. Enquanto Bordélo cantava em duo com Karen, Luiz foi até a beira do rio e cravou uma madeira dentro d’água. André acompanhou o movimento do amigo e ficou curioso. Quando ele retornou, perguntou-lhe:

          - Luiz, pra quê você enterrou aquele pedaço de cabo de vassoura dentro do rio?

          - Caro André. Meu amigo é por precaucion! Por precaucion!

          - Mas... – reticenciou André. E com a pausa, Luiz continuou:

          -  No cabo de vassoura tiene várias marcas. O rio é demais traizoeiro! Estai vazio! De repente, transborda! Aquela madeira roliça tiene várias marcas! Por uno acaso, estai na quinta marca. De uma marca para outra, tiene cinco centímetros. De hora em hora vou lá vier como el rio estai  se portando. Ok?

          André sorriu e concordou com um gesto de cabeça. E continuou a sorrir devido à linguagem do amigo. – Que raios é esse linguajar? – pensou.

         Bordélo, depois de mais algumas canções, silenciou o violão. O horário do almoço se aproximava. No relógio de Luiz marcava onze horas. Esse era o horário que as panelas iam para o fogo. Ele então chamou Karen para organizar a cozinha. Era um cozinheiro de mão cheia. E a parceria com a amiga, simplesmente perfeita. Luiza, que também tinha intimidade com o fogão, prontamente se ofereceu para ajudar.  O local para a cozinha, já existia. Era o mesmo usado por eles de outras vezes. Só faltava a limpeza do lugar. Imediatamente Luiz chamou André para que fossem pegar madeira para acender o fogão improvisado e também para a fogueira.

          Na volta, André foi até a sua mochila e pegou um pacote de macarrão e mais alguns enlatados para ajudar no almoço. 

          Almoçaram tranquilamente em parceria com a harmonia da natureza. Cada um lavou o seu prato e talheres e depois sentaram-se preguiçosamente tentando um bate papo, no princípio animado, mas que foi murchando até a maioria cair num bom cochilo. Só Luiz ficou de pé. Mas lá para às quinze horas, como todos já haviam feito a digestão, ele os acordou. Entretanto os quatro continuaram curtindo a preguiça em volta de uma pequena fogueira, que Luiz acendera, devido ao vento que trazia um friozinho que pedia se enrolar numa coberta e ficar juntinho ao fogo. A friagem descia junto com a correnteza do rio. Com ela chegava uma neblina densa, que já tomava conta do rio e se infiltrava mata a dentro descolorindo a vegetação. Com a força que chegava desrespeitava a supremacia do sol, que ainda não havia tombado no poente. 

...........Continua semana que vem!

 

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