segunda-feira, 21 de outubro de 2019

A História de Helô - Parte 54



Continuando...

Helô relaxou e sorriu também. Pegou o delegado pela mão e foi em direção ao pomar.  Ela caminhava um pouco à frente. A sensação era que estava arrastando o delegado. Ele a seguia, mas não parecia muito à vontade. Sempre foi muito seguro no que fazia, entretanto, nesse momento, tremia um pouco nas bases porque agora era uma menina quem dava as coordenadas e isso soava um pouco estranho pra ele, mas seguia os passos dela sem titubear.
          Enquanto caminhava, foi ficando mais descontraído. Alguma coisa assoprava no seu ouvido, e não sabia definir o que era, dizendo que podia seguir aquela menina até com uma venda nos olhos. Então foi de corpo e alma nos rastros de Helô.
         Chegaram à entrada da gruta. O delegado, quando olhou o lugar, lembrou-se na hora que já tinha estado ali. – Como aconteceu aquilo? Fechei os olhos e cheguei aqui, mas depois esqueci por completo! Por quê? – pensou, mas sem encontrar a resposta na sua cabeça.
          Entraram na gruta. Rodolfo ficou fascinado com o que via. Olhava placa por placa com os nomes e datas de nascimento e morte das freiras. Sozinho, com as informações de Helô, abriu a primeira porta. Entrou e ficou horrorizado com o que viu. Mesmo acostumado com a violência, ficou impressionado com tanta maldade. A revolta brotou dentro dele. Estava completamente chocado com a visão.
           – Como uma pessoa pode jogar um seu semelhante dentro de um reservatório com ácido? – falou baixinho pra Helô.
          Helô, entre dentes, respondeu mais baixo ainda:
          - Delegado, eu fiquei muito chocada com isso também. Pelo menos eles não jogaram as pessoas vivas aí dentro. Graças a Deus!  A Madre me contou como os recém-nascidos eram trazidos e descartados aqui nessas caixas cheias de ácidos. Horrível, né?
          - Bota horrível nisso! Mesmo não jogando as pessoas vivas dentro dessas caixas, não deixa de ser um crime bárbaro! Não estão muito distantes desses carniceiros que a história nos mostra, tipo Mao Tsé-Tung, Gêngis Khan, Hitler e outros. Todos sanguinários!
         - Já ouvi falar dessas pessoas que você citou, mas as professoras nunca deram muitos detalhes sobre a vida deles. Acho que não queriam nos deixar horrorizadas. Deve ser isso. Então passavam por cima da história. Se já acho isso aqui uma barbaridade, imagino sabendo sobre o que essas outras pessoas fizeram de mal! Só Deus mesmo!
             Helô de repente ficou em silêncio e Rodolfo não comentou nada nesse curto período. Então ela voltou a falar.
            - Rodolfo, a Madre está dizendo pra gente ir em frente. Vamos indo? Depois conversaremos mais sobre isso, está bem?
           - Está bem. Podemos ir.
           Helô já tinha aberto a porta e carinhosamente pegou-o pela mão. Nos outros cômodos ela deixou-o ir abrindo as portas uma a uma. Nos compartimentos secretos, ensinava-lhe pacientemente o segredo e deixava-o ir em frente. Rodolfo não teve dificuldade alguma em vencer esses obstáculos, pois as explicações dela não deixavam qualquer dúvida. Eram precisas. Com isso, em pouco tempo, ele conheceu toda parte escondida do convento. Teve acesso às que Helô conhecia e a outras dependências que ela desconhecia, mas que passou a conhecer naquele momento, junto com ele. A Madre orientou-a nesse sentido, entretanto, antes que ela questionasse a respeito desses lugares que via pela primeira vez, a Madre disse:
           - Helô, achei interessante, depois de analisar, que ele devesse conhecer esses outros cômodos. Para o processo é muito importante. Quanto mais provas, melhor. Não quis mostrar a você. Não achei conveniente.
          - Por que, Madre?
          - Na época você era muito pequena, então preferi excluir esses ambientes e assuntos do seu conhecimento. Hoje ainda não é a hora. Você não é maior de idade para se inteirar de certas coisas. Deixa o tempo passar mais um pouco, aí sim você vai ficar sabendo das coisas mundanas. 
          - Está bem, Madre.
           Rodolfo estava parado olhando aquilo tudo e analisando. Passou pela sua cabeça chamar aquele lugar de “o subterrâneo do crime”. Com alguns anos de polícia, ainda não se acostumara com tanta maldade.  Sabia que grande parte dos crimes deve-se à ganância. As pessoas matam por causa do dinheiro. Estava absorto nesses pensamentos quando foi trazido de volta pelo chamamento de Helô:
          - Rodolfo, tem outros lugares pra gente ir. Vamos?
          - Desculpe, Helô, me desliguei. Vamos sim.
...........Continua semana que vem!

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