Continuando...
Helô
relaxou e sorriu também. Pegou o delegado pela mão e foi em direção ao pomar. Ela caminhava um pouco à frente. A sensação
era que estava arrastando o delegado. Ele a seguia, mas não parecia muito à
vontade. Sempre foi muito seguro no que fazia, entretanto, nesse momento,
tremia um pouco nas bases porque agora era uma menina quem dava as coordenadas
e isso soava um pouco estranho pra ele, mas seguia os passos dela sem titubear.
Enquanto caminhava, foi ficando mais
descontraído. Alguma coisa assoprava no seu ouvido, e não sabia definir o que
era, dizendo que podia seguir aquela menina até com uma venda nos olhos. Então
foi de corpo e alma nos rastros de Helô.
Chegaram à entrada da gruta. O
delegado, quando olhou o lugar, lembrou-se na hora que já tinha estado ali. –
Como aconteceu aquilo? Fechei os olhos e cheguei aqui, mas depois esqueci por
completo! Por quê? – pensou, mas sem encontrar a resposta na sua cabeça.
Entraram na gruta. Rodolfo ficou
fascinado com o que via. Olhava placa por placa com os nomes e datas de
nascimento e morte das freiras. Sozinho, com as informações de Helô, abriu a
primeira porta. Entrou e ficou horrorizado com o que viu. Mesmo acostumado com
a violência, ficou impressionado com tanta maldade. A revolta brotou dentro
dele. Estava completamente chocado com a visão.
– Como uma pessoa pode jogar um seu
semelhante dentro de um reservatório com ácido? – falou baixinho pra Helô.
Helô, entre dentes, respondeu mais
baixo ainda:
- Delegado, eu fiquei muito chocada
com isso também. Pelo menos eles não jogaram as pessoas vivas aí dentro. Graças
a Deus! A Madre me contou como os
recém-nascidos eram trazidos e descartados aqui nessas caixas cheias de ácidos.
Horrível, né?
- Bota horrível nisso! Mesmo não
jogando as pessoas vivas dentro dessas caixas, não deixa de ser um crime
bárbaro! Não estão muito distantes desses carniceiros que a história nos mostra,
tipo Mao Tsé-Tung, Gêngis Khan, Hitler e outros. Todos sanguinários!
-
Já ouvi falar dessas pessoas que você citou, mas as professoras nunca deram muitos
detalhes sobre a vida deles. Acho que não queriam nos deixar horrorizadas. Deve
ser isso. Então passavam por cima da história. Se já acho isso aqui uma
barbaridade, imagino sabendo sobre o que essas outras pessoas fizeram de mal!
Só Deus mesmo!
Helô de repente ficou em silêncio
e Rodolfo não comentou nada nesse curto período. Então ela voltou a falar.
- Rodolfo, a Madre está dizendo pra
gente ir em frente. Vamos indo? Depois conversaremos mais sobre isso, está bem?
- Está bem. Podemos ir.
Helô já tinha aberto a porta e carinhosamente pegou-o pela mão. Nos
outros cômodos ela deixou-o ir abrindo as portas uma a uma. Nos compartimentos
secretos, ensinava-lhe pacientemente o segredo e deixava-o ir em frente.
Rodolfo não teve dificuldade alguma em vencer esses obstáculos, pois as
explicações dela não deixavam qualquer dúvida. Eram precisas. Com isso, em
pouco tempo, ele conheceu toda parte escondida do convento. Teve acesso às que
Helô conhecia e a outras dependências que ela desconhecia, mas que passou a
conhecer naquele momento, junto com ele. A Madre orientou-a nesse sentido, entretanto,
antes que ela questionasse a respeito desses lugares que via pela primeira vez,
a Madre disse:
- Helô, achei interessante, depois
de analisar, que ele devesse conhecer esses outros cômodos. Para o processo é
muito importante. Quanto mais provas, melhor. Não quis mostrar a você. Não
achei conveniente.
- Por que, Madre?
- Na época você era muito pequena,
então preferi excluir esses ambientes e assuntos do seu conhecimento. Hoje ainda
não é a hora. Você não é maior de idade para se inteirar de certas coisas.
Deixa o tempo passar mais um pouco, aí sim você vai ficar sabendo das coisas
mundanas.
- Está bem, Madre.
Rodolfo estava parado olhando aquilo tudo e analisando. Passou pela sua
cabeça chamar aquele lugar de “o subterrâneo do crime”. Com alguns anos de
polícia, ainda não se acostumara com tanta maldade. Sabia que grande parte dos crimes deve-se à
ganância. As pessoas matam por causa do dinheiro. Estava absorto nesses
pensamentos quando foi trazido de volta pelo chamamento de Helô:
- Rodolfo, tem outros lugares pra
gente ir. Vamos?
- Desculpe, Helô, me desliguei. Vamos
sim.
...........Continua semana que vem!
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