Helô foi pulando até chegar à mata, mas, antes de entrar, parou e olhou
para trás para ver se estava sendo vigiada. Nada percebeu de anormal. As suas
amigas continuavam no mesmo lugar. Tinha realmente passado sem ser notada.
A Madre já estava na porta da gruta. Helô
chegou e sorriu para ela. Parecia bem confiante, mas, ao tentar entrar,
vacilou. Colocou um pé, mas o segundo não obedeceu. Parecia que estava colado
no chão. A Madre esperou um pouco para ver o que ia acontecer. Como nada
aconteceu, ela falou:
- Vamos, Helô. Pensei que, depois do
que aconteceu lá atrás, você estivesse confiante. O que foi que houve? Qual o
motivo da dúvida? Sabe que estou com você. Não precisa ter medo. Hoje vai ser
um dia muito importante. Vamos?
Helô ainda ficou sem esboçar qualquer
reação, mas dentro da sua cabeça tinha uma guerra entre o sim e o não. Era a
dúvida tomando conta da sua decisão. Ela era apenas uma menina com onze anos, uma
criança tomando decisões de adulto. A entidade falou de novo:
- Não precisa temer. Estarei sempre do
seu lado. Minha menina, você foi a escolhida para mudar esse lugar. Aqui vai
voltar a ser um berço de amor. Você está protegida. Ninguém vai fazer-lhe mal.
Pode acreditar piamente nas minhas palavras, mas fé total no Criador. Se está acontecendo
tudo isso, é porque Ele permitiu. Vamos! Venha comigo.
Depois das palavras da entidade ela
não teve mais dúvida. Logo os pés se descolaram do chão e ela foi gruta
adentro. Entrou com tanta firmeza que acabou esquecendo-se de acender a vela e
só se deu conta quando já estava em frente da rosa vermelha. Como chegou até
ali no escuro, se alguém perguntasse, não saberia dizer.
A entidade estava lá à sua espera.
Poderia ter clareado o seu caminho, mas preferiu que ela acendesse a vela.
Sorriu e ficou esperando. O ambiente ficou logo iluminado. A rosa vermelha
estava lá à espera da mão de Helô. Só percebeu que tinha girado a rosa quando
um pequeno ruído ecoou e a porta começou a se abrir. Imediatamente aquele
cheiro desagradável, que ela tinha sentido da última vez, invadiu as suas
narinas. Fez um gesto como se fosse recuar, mas apenas apertou o nariz e foi
entrando. Dentro do cômodo, já iluminado com a luz da vela, olhou ao redor e, à
primeira vista, pareceu que tudo continuava no mesmo lugar e que ninguém tinha
entrado ali, além dela e da aparição. Aproximou-se de um dos leitos e viu que
continuava empoeirado. Olhou por baixo dele e confirmou que a sua primeira
impressão estava certa: o saco continuava do mesmo jeito que tinha deixado.
Por algum tempo, sem saber precisar
os minutos, Helô andou por todos os pontos que tinha passado da última vez. Não
demonstrava medo algum. A Madre Maria de Lourdes, próxima da porta, observava
todos os seus movimentos, deixando-a à vontade nas suas investigações. Quando
achou que a menina já tinha olhado tudo, mentalmente, disse:
- Helô, vamos recomeçar de onde
paramos. Coragem, menina!
Ela captou as ordens da Madre e foi
em direção a um dos leitos que tinha o saco preto, levantou a sua vela e
iluminou a porta. Parecia que estava hipnotizada. A sua curiosidade acendeu-se.
De repente ficou querendo saber o que tinha do outro lado, tanto que nem fez questão
de pegar o saco preto, foi diretamente para tal porta. Rapidamente a Madre interveio, dizendo:
- O que é isso, Helô? Essa porta
ainda não está destinada para as nossas investigações. Em outra ocasião você
poderá entrar, hoje não.
- Está bem. Ih! Irmã, estou ouvindo vozes! Temos que sair!
- Não é preciso. Pode ficar tranquila
que não saberão da sua presença. Elas estão preocupadas com outras coisas.
- Irmã, agora estão gemendo! Será que tem gente
doente?
- Esqueça o que você ouviu, não é nada. O
nosso foco hoje são os sacos pretos. Foi onde paramos da última vez.
Helô então obedeceu à Madre.
Arriou-se na lateral da cama e pegou o saco preto. Tentou puxar com uma das
mãos, mas o saco não se moveu. Depois o pegou com as duas, mas também nada
aconteceu. A entidade então falou:
- Helô, você vai precisar se concentrar.
Eleve os seus pensamentos a Deus e peça-Lhe ajuda. Tenha fé! Vamos!
Ela então fechou os olhos e fez uma
prece mentalmente, pedindo a Deus que lhe desse bastante força. Ficou
concentrada durante alguns minutos. De repente do seu coração, sem que ela
percebesse, saiu uma luz esverdeada e envolveu o saco preto. Num movimento
involuntário, ainda com os olhos fechados, levou uma das mãos até ele e puxou-o.
Inacreditável como veio deslizando suavemente até tocar nos seus pés. Aí então ela
abriu os olhos e viu o saco preto ainda envolvido numa luz esverdeada que foi
aos poucos se apagando. Ficou surpresa com o que estava vendo. Não entendeu o
que tinha acontecido. Olhou para a irmã e perguntou:
- O que foi que houve? Como foi que
eu consegui puxar esse saco lá de baixo?
- Minha filha, Jesus não disse que a
fé remove montanhas? Então, além dessas pequenas coisas, ainda, com o tempo,
remove as coisas ruins que acumulamos durante as nossas vidas, como por
exemplo: a inveja, o ódio, a mágoa e tudo de ruim que guardamos. Agora vamos ao
trabalho. Está vendo essa corda que está fechando o saco? Então, desamarre-a.
Isso! Muito bem!
- Posso abrir?
- Calma! Deixe-me primeiro falar-lhe
uma coisa. Minha filha, o que você vai ver dentro desse saco não vai ser nada
agradável, mas darei as forças necessárias
para que você suporte essa visão ruim. Uma coisa é certa: esse será o início do
fim do mal que tomou conta desse convento. Está pronta? Então vá em frente.
...........................Continua semana que vem!
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