MEU VELHO E EU
- José Timotheo -
Sentado num banco tosco meu velho
mirava o horizonte
Um vento de outono mexia nos seus
cabelos grisalhos
Deixando-os desgrenhados como ao
acordar
Vez ou outra brigava com uma mosca
impertinente
Que tentava roubar uma gota da sua
cerveja
Já meio quente por causa do
esquecimento
Mas alguma canção que furava o tempo
Escorregava pelos seus dedos e
tamborinava na perna
E depois saía voando pelos seus
lábios enrugados
Fazendo dueto com um sorriso
Que estava guardado na saudade
Na sua memória um imã girava sem
pressa
Atraindo velhas recordações
Mas tão novas quanto as vividas em
antanho
O meu velho não deixava uma lembrança
Escapar do seu bate papo
Podia ser repetida quantas vezes ela
fosse
Mas vinha sempre enriquecida de
novidade
Hoje ele não senta mais no banco
tosco
E eu não ouço mais o seu assobio
Nem as suas histórias ainda recheadas
de sonhos
Mas que podem ser as minhas, sem
dúvida
Hoje sento no mesmo banco tosco
Onde um vento, mas que não é de
outono
Desliza pelo meu rosto e penteia meu
cabelo também grisalho
E onde já começo a catalogar as
minhas histórias
Me preparando para quando o outono se
aproximar
E ali sentado, desfiar as minhas
saudades para as filhas e netos
Muito bom ! Parábens !
ResponderExcluirMuito obrigado.
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