quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Te Encher de OIhos - a estória


TE ENCHER DE OLHOS             
                                (A estória)                          José Timotheo
                                                                        
          Cidade litorânea. Mar aberto. Um sol que salpicava de ouro até onde os olhos podiam alcançar. Estava ali só. Me embriagava de natureza. Mas o coração não saciava a sua sede de amor. E o mar insistia em sacudir a minha esperança. De vez em quando jogava com força as suas águas sobre os meus pés. Às vezes até tentava lavar o meu corpo, mas não conseguia afogar a minha saudade. E ficava ali, olhar e pensamento, perdido naquele mundo de água. Todas as manhãs lá estava eu à beira mar. Parecia que um imã gigante me arrastava até ali. Me sentava na areia até me debruçar no sonho. Essa necessidade de viajar na esperança se tornou uma constante. Era só fechar os olhos e lá vinha ela caminhando em minha direção. Devagar. Olhar escondido do sol. Pelo jeito era para mostrar que os seus olhos também brilhavam intensamente. Eram duas estrelas a iluminar o meu sonho.
           Quando à tardinha chegava, lá vinha ela de novo. Passava por mim sem me ver. O seu olhar parecia que atravessava o meu corpo sem pedir licença. Vazava até a minha alma. Mas não tinha importância. Eu era o único que vislumbrava todo aquele monumento. Nesse instante a emoção encharcava os meus olhos de lágrimas. Só bastava eu enxugar os olhos, para ela desaparecer. Como surgia, sumia num flash. Numa noite eu a tive mais perto. Vinha na minha direção. Os seus olhos luziam como de uma gata na escuridão. Eu sabia que era ela que vinha. O seu perfume era inconfundível. E ele chegou primeiro e me avisou da sua presença. Dessa vez ela chegou tão perto que quase nos esbarramos. Eu percebi que só eu a via. Chegou até a olhar na minha direção, mas o seu olhar tomou outro rumo. E a minha alma sangrou. Sem perceber a minha presença, continuou a sua caminhada. Foi em frente até sumir completamente do alcance da minha vista. Em compensação deixou um pedaço do seu perfume que ficou, durante algum tempo, circulando ao meu redor. Bebi aquele instante de prazer. Olhei para o céu e achei que os seus olhos brilhavam nas estrelas e nos raios do luar. Pensei em roubar um pedaço do céu para tê-la comigo. Amar! Amar! Fazer amor nesse pedacinho de azul. Sonhei! Como sonhei! Viajei! Como viajei! Depois dessa noite, ela não voltou mais. Caí na real. Mas chorei a perda de uma coisa que nunca tive. Assim mesmo chorei muito. E o mar, amigo inseparável, não desistiu de botar a esperança no meu colo e lavar a minha dor. Depois ainda banhou-me de sonhos e me colocou abraçado à saudade.
       
                                           fim 
Em breve, a letra da música, assim como sua liberação no myspace do compositor!         
          

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