terça-feira, 26 de novembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 31

 


Continuando...

            Enquanto isso, os médicos continuaram a conversar. Com a pergunta do Dr. Ferguson, Dr. Walter ficou em silêncio, procurando um jeito de explicar ao amigo o que tinha pensado. Sabia, de antemão, devido aos seus princípios, que ia resistir a sua idéia. Devido ao silêncio prolongado, Dr. Fergusson insistiu com o amigo.

             - Que ideia é essa, Walter? Estou curioso! Fala homem!

             - Vou falar. Escute com atenção. Não vai se escandalizar.

             - Já não me escandalizo com mais nada. Acho que não. Sei lá, Walter! Fala logo. Se for alguma coisa muito cabeluda, vou me segurar logo, para não cair.

            Dr. Walter até que conseguiu deixar escapar um leve sorriso. Sisudo como era, o Dr. Fergusson ficou até surpreendido. Acabou sorrindo também, deixando o amigo mais a vontade para revelar a sua ideia.

             - Então Ferguson vamos aos fatos. Estamos com medo de sermos eliminados depois da descoberta da origem do estranho e daquela luz, no caso a coisa realmente importante, de tudo isso. Pensei bastante. Você  apresentou ao Dr. Frank o medicamento para acelerar o metabolismo de Dyllon, certo?

               - Certo. Só que ainda não sei se vai funcionar. Vamos usar sem teste?

               - Qual o problema? O teste vai ser nele mesmo. Caso não dê certo, o teste não vai mata-lo.  Ou vai?

               - Não. Tenho quase certeza que não. Talvez possa causar uma arritmia cardíaca. Mas podemos controlar.

               - Então, com esse medicamento, pensei que podemos unir o útil ao agradável. Eu te pergunto, na atual conjuntura, para quê acordar o homem?

            - Ué, Walter! Esse não é o objetivo? – interrompeu Fergusson, com outra pergunta.

            - Ferguson, você não percebeu o perigo que corremos. Pode ser até criação da minha mente. Uma ideia que brotou de repente. Mas duvido desse poder criativo meu, para fugir da realidade. Não sou desse tipo de pessoa. Sou pé no chão. Sou cientista, não viajo na fantasia. Essa suspeita em relação a nossa permanência com vida, no final dessa pesquisa, não sai da minha cabeça.

             - Às vezes é só impressão sua, Walter. Essa suspeita de terem matado os médicos que substituímos, é só uma suposição. Nós já tivemos chance de procura-los, inúmeras vezes, ao saírmos daqui, nas nossas folgas. Por que não fizemos isso?

              - Porque foi agora, recentemente, que cresceu dentro de mim essa suspeita.

              - Então, Walter, antes de fazermos qualquer coisa, vamos investigar. Temos que ter certeza, antes de fazer qualquer coisa precipitada. – ponderou o Dr. Ferguson.

               Dr. Walter balançou a cabeça negando o argumento do amigo. Para ele não havia mais dúvida. Não falou na hora, mas com certeza não queria investigar coisa nenhuma. Para ele não existia mais suspeitas. Na cabeça dele aquilo era um fato consumado. Não tinha mais dúvida. Mesmo com as justificativas do amigo, ia seguir com o seu plano. Andou pela sala, enquanto o Dr. Ferguson, acompanhava-o com o olhar tenso.

                  Dr. Ferguson pensou em quebrar o silêncio que o Dr. Walter carregava, entretanto achou de bom tamanho respeitar o que o amigo ruminava, mesmo percebendo que pagava um preço por isso, no caso o aumento da sua tensão.

.......Continua na Semana que vem!

 

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Pensamento de Poeta - À Beira do Colapso

 


À BEIRA DO COLAPSO

 - José Timotheo -

Pensei que soubesse alguma coisa

Vejo, mas não enxergo

Ouço, mas não escuto

O mundo amanhece sem amanhecer                                                                   

Anoitece sem anoitecer

O que pensei ser, não é                                               

Estudei sem aprender

Me ensinaram, sem explicar

Então, vou aprender com quem nada sabe

Porque quem sabe, não aprendeu nada

E quem não sabe nada, aprendeu tudo de cor

Vou me alfabetizar de esperança

Onde não tem lança, não tem dor

Simples assim

Vou me graduar, com quem não se graduou

De coisa alguma. Mas sabe de alegria

Sabe de bondade. Sabe daquilo que ninguém ensina

Sabe até o que tem depois das estrelas

Ele veio e precisa voltar

O que eu queria dizer mesmo

É que o mundo está por um fio

Quem pensa que sabe, botou ele lá

Então...

Onde Deus se meteu?

A Terra está quase caindo

E com ela está indo a minha fé

Ela está por um fio, também     

Onde a canção de paz?

Vou procurando o meu lugar

Para ouvir um esquelético

Frédéric Chopin ao piano

Tocando a sua marcha fúnebre

E...

A esperança também

Já está por um fio

                                                              Fim

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 30

 


 Continuando...

            Natasha não sabia o que dizer. Se sentia dentro de um sonho. Pensou que de repente aquele lugar nem existisse, era fruto de sua imaginação ou simplesmente um sonho. Lembrou-se da mãe e dos irmãos. Sentiu um aperto no coração. Desejou voltar para a miséria que sempre viveu, mas junto aos seus. Que preço estava pagando por ambição?  Dyllon escutou o pensamento da enfermeira.

           - Natasha, minha querida. Você não imaginou nada disso. Isso aqui é real. E não lamente a sua escolha. Você não é ambiciosa, no sentido pejorativo. Você queria o melhor para a sua família. E naquele momento, era o melhor a ser feito pelos seus familiares. Com certeza eles estão usufruindo do conforto proporcionado por você. 

            - Como é que você sabe? Você não conhece a minha família.

            - Acabei de conhecer quando você pensou neles. Não fique triste, porque eles estão bem. E estão felizes com você, mesmo sentindo muita saudade, com a distância. Você vai voltar para eles. É só você querer e sairemos daqui, como num passe de mágica.

            - Não é o momento, Dyllon.

            - É o rapaz, não é? Você gosta dele.

            - Não sei. Mas estou curiosa em saber tudo sobre ele. Só até depois de amanhã. Você espera?

            - Claro. Ele é uma boa pessoa. Quem sabe José Antônio sai daqui com a gente.

            - Será?

            - Claro. Acredito que aceite nos acompanhar. Desconfio que até ele corre perigo.

             - Mas não tem o porquê de acontecer isso com ele. Ele nunca soube sobre você. Desconhece esse projeto maluco.

              De repente Dyllon ficou em silêncio. Esticou a orelha, parecendo que tentava ouvir alguma coisa. Depois ergueu a mão impedindo que Natasha falasse mais alguma coisa.

            -  Os médicos estão falando sobre mim. Só pode ser. Mas não sei o que é.

           - Eles estão vindo para o seu quarto? – perguntou Natasha.

           - Não. Estão conversando na sala deles. Não estou gostando do jeito do Dr. Walter. O Dr. Ferguson está em sofrimento.

           - Com o quê? O que houve com ele? Conseguiu escutar qual o problema que o está afligindo? – perguntou ansiosa, Natasha.

           - Sei. Coitado. Ele é uma boa pessoa. Está trabalhando aqui pelo dinheiro. Esse dinheiro é para salvar o filho.

           - O que tem o filho dele?

           - Natasha, você pergunta muito! Me deixa ouvir. Assim, com essa interrupção, me atrapalha.

           - Puxa, Dyllon. Só estou curiosa. Assim você me deixa triste. Me chamando a atenção na frente dos outros.

           - De quem, Natasha?

           - Desse rapaz aqui.

           - Natasha, ele não vê a gente e nem ouve. Mas desculpe, assim mesmo. Depois que ouvir tudo, te falo. Tá bom assim?

           Ela não ficou muito satisfeita não, mas concordou com com um gesto de cabeça. A sua curiosidade era muito maior do que Dyllon imaginava. Mesmo insatisfeita aceitou, e achou certo, que deveria controlar a sua ansiedade e esperar. Sorriu para o amigo e encostou a sua cabeça no  ombro dele. Ele olhou aquela carinha linda e não resistindo, beijou-a no rosto.

 ---Continua Semana que vem!

 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Pensamento de Poeta - Escolha

 


Escolha

+ José Timotheo -

Subo escadas sem degraus

Apenas um corrimão

Para pousar meus pés

Onde colocar a imaginação?

Piso na esperança

E deixo o sonho

Criar os seus caminhos

Repouso no paraíso

Ou me deito num colchão de espinhos...

 

                                                                    fim



terça-feira, 12 de novembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 29

 


Continuando...

            Natasha deu um sorriso de que não acreditava em nada que Dyllon falava, mas resolveu segui-lo. Não tinha nada a perder mesmo. Lá foi ela. Ele saiu na frente, claro, passando pela porta sem precisar abri-la. Natasha teve que abrir as duas, e encontrou o amigo já do lado de fora sorridente.

              - Venha aqui, Natasha. Vou cobrir você primeiro.

              - Com o que, Dyllon?

              - Acho que é com a minha energia. Vou olhar para você e pensar que estou cobrindo você. Só isso.

              - Só isso? Mas não vai dar certo. O rapaz da cabine, Willian, já está me vendo.

              - Será? Vamos lá para ver.

              - Como? A sala é fechada.

              - Será que é mesmo? Vamos conferir. Estou levando você.

              Dyllon foi caminhando, dessa vez pisando no chão, de mãos dadas com Natasha até chegar em frente à porta. Ele então mandou-a olhar na tela de tv que constava todas as câmeras.

              - Dyllon, como é isso? Não estou aparecendo na tv!

              - Agora olha para onde nós estávamos.

              Natasha quase caiu de susto. Ela se viu em pé ao lado de Dyllon, em frente a porta. Olhou de novo para a tv e nada de se ver em pé em frente à porta. A sua surpresa era grande. Como explicar o que estava acontecendo? Estavam invisíveis para as câmeras. Ela apertou a mão do amigo e sentiu que estava ali. Ele existia e ela também. Ele então sorriu para ela e convidou-a a entrar.

            - Mas Dyllon, aí já é demais. – falou com um tremor na voz - O controlador do sistema de câmeras vai nos ver e avisará a chefia.

            - Calma, Natasha. Não vai acontecer nada disso. Vamos passar pela porta.

            - Você está maluco, mesmo! Como eu vou conseguir passar pela porta sem abrí-la?

            - Segurando a minha mão, você consegue passar. Vamos lá.

            Natasha não disse nem sim e nem não, simplesmente fechou os olhos e deixou-se levar. Dyllon olhou para a enfermeira e sentiu vontade de rir. Ele tinha feito uma coisa, que nem ele mesmo sabia. Parecia que era uma coisa natural. Entraram de mãos dadas dentro da cabine do sistema de segurança, como se a porta estivesse aberta.

             - Agora pode abrir os olhos, Natasha. – disse Dyllon.

             - Dyllon, seu maluco, como foi isso? Estou aqui dentro. Estou falando e o rapaz vai escutar. – disse sussurrando.

              - Fique despreocupada. Ele não nos vê e nem percebe a nossa presença.

               - Como você fez isso? Não estou acreditando. É bruxaria! Pode dizer!

               O amigo ficou sério, mas estava segurando o riso. Ela ficou meio sem jeito e não quis comentar mais nada, a respeito dele ser mágico, bruxo ou outra coisa qualquer. Olhava seu corpo e de Dyllon próximo a primeira porta da enfermaria e não conseguia entender nada. Ela estava lá fora e dentro da sala ao mesmo tempo. Olhou para a tv onde aparecia todos os pontos onde estava as câmeras. Não viu a sua imagem e nem a do amigo.

               Dyllon puxou-a pelo braço e ficaram em frente ao operador do sistema de segurança. Ela ficou temerosa de ficar de frente para o rapaz e quis sair, mas Dyllon segurou-a com força, não permitindo que ela se retirasse. Ele mandou-a falar com Willian. Natasha olhou-o espantada.

            - Dyllon, como eu vou fazer isso? – falou baixinho - Ele vai falar com os seus superiores e eu ficarei em maus lençóis. Não sei como ele não nos viu até agora. Vamos sair daqui. Estamos correndo risco à toa.

            - Você ainda não entendeu, Natasha. Nem ele e nem ninguém pode me ver. Só quando eu quero. Não me peça explicação, que não saberei dizer nada a respeito disso tudo. Só sei que faço. Só isso. E descobri que posso fazer você ficar invisível também, desde que eu queira e tendo contato com você. Pode ser como estamos agora, ou abraçado. Temos que ter um contato físico. De repente, no futuro, nem será mais preciso esse contato. Só a minha vontade bastará. 

-----Continua Semana que vem!