terça-feira, 8 de março de 2022

Vila do Prazer - Parte 7 - Final

 


Continuando...

            Os velhinhos se assustaram com a acusação de Maria e apenas trocaram olhares de espanto. Não conseguiam entender o que levou a vizinha a fazer tal acusação. Seu Alfredo ameaçou falar alguma coisa, mas a esposa colocou uma das mãos na sua boca e interrompeu a sua intenção. Em seguida saiu da cama, arrumou-se e, ao invés de responder, perguntou:

          - Orgia? Que orgia? Nós? Não estou entendo a sua pergunta descabida!

          Seu Alfredo, logo depois que a esposa reclamou, olhou para o casal de invasores, parecendo que ia bater boca com eles, mas deixou escapulir um leve sorriso. Ernesto, que estava atrás da sua mulher, Maria, não conseguiu segurar o riso e desandou a gargalhar. Maria quando viu o marido com o riso solto, deu uma gargalhada tão estridente, que dona Hermelinda tapou os ouvidos e franziu a testa. Ameaçou até em ralhar com os vizinhos, mas depois caiu na gargalhada também. Alguns minutos ficaram ali rindo um para a cara do outro, sem conseguir parar. Após algumas tentativas de engolir o riso, só Ernesto conseguiu. Depois de respirar fundo várias vezes, finalmente abriu a boca para dizer alguma coisa, pois precisava justificar a invasão à casa dos vizinhos. Contou, com detalhes, o que estava acontecendo com os moradores da vila desde a chegada deles, há alguns meses. Depois de todo o relato, o silêncio flutuou por alguns segundos entre os quatro. Os olhares se misturavam, interrogativos. Entretanto, parecendo que tinham ensaiado exaustivamente, o riso saiu numa explosão uníssona. Dessa vez estava mais difícil para o quarteto parar de rir. Os vizinhos, naquele momento, não entendiam o que se passava na casa 03. Pararam instantaneamente de fazer o que faziam todos os dias: sexo. De repente o silêncio voltou completamente, coisa que não acontecia desde a chegada dos novos moradores. Mas depois dessa pausa, automaticamente, independentemente da falta de estímulo dos velhinhos, a libido voltou para os casais da casa 02 e da 04.

          Seu Alfredo e dona Hermelinda, conseguindo parar de rir, explicaram detalhadamente tudo que acontecia entre eles diariamente.

          - É tudo brincadeira nossa, vizinhos! – falou dona Hermelinda, ainda tentando não deixar que o riso escapasse novamente. E seu Alfredo procurou então deixar bem claro o que realmente acontecia entre ele e a esposa.

          - Amigos, a Hermelinda adora quando eu faço cócegas nas solas dos seus pés! Depois faço uma massagem boa nas pernas e nas costas. Ela chega a gemer! (riu). E pra terminar, brinco de carrinho, empurrando a cama pra baixo e pra cima. Esse é o nosso fim de noite.

          Depois das explicações do seu Alfredo, os olhares entre Ernesto e Maria se encheram de risos. Até chegar na boca, foi um pulo. A risadaria ecoou por toda a casa, com os quatro deixando a alegria tomar conta do ambiente e das almas. 

          Antes de sair, Ernesto agradeceu ao casal de velhinhos por terem ido morar ali na vila, acompanhado de um pedido de desculpas pela invasão. Seu Alfredo e dona Hermelinda não entenderam o agradecimento, mas sorriram amavelmente, batendo de ombros. Ernesto então aproveitou a resposta silenciosa e acrescentou mais algumas palavras, tentando explicar o que vinha acontecendo na vila.

          - Vocês nem imaginam o bem que fizeram para os moradores daqui. Eu e Maria também estamos incluídos...

          Seu Alfredo ia falar alguma coisa, mas Ernesto interrompeu-o:

           - Nem precisa perguntar o que foi, seu Alfredo. Deixa tudo como está. Gostaria que vocês continuassem com a “orgia”.

           Terminou de falar a palavra e deixou escapar um riso espremido. Depois respirou fundo e completou:

          - Eles não precisam saber o que acontece aqui. O que de fato acontece. Deixa a imaginação deles viajarem. Está todo mundo feliz, e isso é o que importa.

           - Isso é muito engraçado! – disse Maria e imediatamente deixou escapar uma sonora risada.

           Apertaram-se as mãos, depois de mais alguns minutos de gargalhadas, e Ernesto e Maria tomaram o caminho de casa, deixando os velhinhos jogados na cama, ainda mergulhados no riso.   

                                                                         fim   

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