Vila do Prazer - Parte 6 (Penúltima)

 

Continuando...

            Alguns passos foram dados até a porta do carro. Mas Maria perguntou ao marido a hora da sessão. Ele olhou para o relógio uma vez. Depois olhou de novo e finalmente, com um olhar, parecendo pensativo, disse que o início era às 22 horas. Em seguida olhou nos olhos da esposa, fez um carinho no seu rosto e sussurrou na sua orelha que faltavam cinco minutos para às 21 horas. A esposa com um olhar brilhando de desejo, pegou-o pela mão e puxou-o para a casa. Parecia que a chama voltou a acender.   

          Eles se sentiam cansados, mas aqueles últimos meses foram os mais felizes de suas vidas.  Tinham que voltar e se deitar na cama. Sabiam que podiam estar em qualquer lugar, mas era ali o melhor lugar do mundo. Ernesto abriu a porta e deixou a esposa entrar.  Antes de pisar na soleira, olhou para as outras casas e notou que a porta da casa 03 estava um pouco aberta. Ficou intrigado, chamou a mulher e apontou para a casa dos velhinhos. Maria então, sem falar nada, se encaminhou até lá, seguida de perto pelo marido. Mal chegaram, ouviram um relógio de parede soar na casa dois.  Era nove da noite. Numa pontualidade britânica, os velhinhos iniciaram mais uma noite de amor.

           Gemidos, começaram a tomar conta do silêncio da noite. Risos se misturavam com o ranger da cama. Ernesto e Maria se olharam e como se estivessem sendo puxados por um imã, foram entrando. Ernesto já estava excitado e era puxado pela esposa, que quase o arrastava para o interior da casa. Parecia que o desejo vencera o cansaço.

          Seguindo os gemidos de dona Hermelinda, atravessaram a sala e entraram no primeiro quarto, mas estava vazio. Seguiram então para o segundo quarto, de onde realmente vinha o som. A porta estava aberta. Em total silêncio, para não serem descobertos, encostaram-se na parede. Ficaram ali escutando o relacionamento do casal, por algum tempo. Mas não resistindo a curiosidade, arriscaram uma olhadela. Maria olhou para o marido e arregalou o par de olhos negros, deixando transparecer a sua surpresa com o que acabara de ver. Estavam frente a frente com o casal de velhinhos, com seus gemidos, risos e ranger da cama. Nada podia ser mais bizarro do que aquela cena e Maria não conseguiu conter o espanto. Um oh!, sonoro, ecoou dentro do quarto, interrompendo o encontro amoroso dos velhinhos, que assustados pararam instantaneamente o que faziam. Dona Hermelinda, aborrecida com a intromissão, interrogou a invasora:

         - Pode me explicar o que está acontecendo aqui? Isso é invasão de privacidade! Não vai se explicar?

          Maria ainda surpresa com a cena que presenciara, interrogou-os:

          - Mas é isso? Essa é a orgia que vocês fazem diariamente?

 .........Continua semana que vem!