terça-feira, 8 de setembro de 2020

Alma do Outro Mundo? - Parte Final

 


Continuando...

Sem perceber dei o primeiro passo em sua direção. Ela virou-se e também começou a caminhar. Eu acelerei os meus passos e ela também fez o mesmo. Fui andando nervosamente sem parar. Estranhamente eu não conseguia me aproximar. Parei abruptamente. Ela fez o mesmo. Tentei chamar por ela, mas a voz não saiu. Entretanto, não sei como, ela girou o corpo, sem deixar de sorrir, e parecia que me esperava. Recomecei a caminhar. Automaticamente ela também. Observei que estava numa calçada que cujo fim eu não conseguia avistar. Do meu lado direito, um muro branco, com mais de dois metros de altura, também se perdia no fundo da noite.

          Tentei chamar de novo pela menina, mas a voz continuou sem sair. Acho que tinha perdido o fôlego. Parei mais uma vez. E ela, como por encanto, também. Acho que a distância entre nós dois, nunca passava dos dois metros.  Por mais que houvesse acelerado, não consegui chegar perto dela.  

           Já estava mais descansado e voltei a caminhar. E ela automaticamente também. Aquilo já estava me deixando encucado. Aí fui acelerando, acelerando até que me peguei correndo. De repente ela sumiu no final do muro. Corri mais ainda. Só que cheguei também ao final do muro, dobrei à direita e qual não foi a minha surpresa, ela havia desaparecido, evaporou-se como fumaça. Caminhei mais alguns metros e vi uma luz. Fui até lá. E quando vi onde estava, saí numa disparada que só parei no hotel. Ali era a porta do cemitério da Cidade.

          Cheguei com um palmo de língua para fora. Sentei-me no banco em frente à porta do hotel para descansar e colocar o meu coração no lugar. Acho que nunca tremi tanto na minha vida. Não sei como não me urinei e não me borrei. Estava assustado para cacete. Ao sentir-me melhor, fui abrir a porta: ela estava trancada. Apertei a campainha e esperei. Dois ou três minutos depois escutei quando alguém girou a chave. Acho que nunca tinha sentido uma sensação tão boa de alívio. Quando a porta foi aberta, quase infartei: a lourinha estava em pé na minha frente, com um sorriso de orelha a orelha.

            Acordei no dia seguinte, com o meu amigo me sacudindo. Abri os olhos assustados e perguntei o que tinha havido.

          - O que houve? Encontramos você deitado na porta do hotel.

          - Não é possível! Já sei, foi a loura do cemitério! E a lourinha desdentada!

         Ele me olhou, sem entender, mas deu a sua explicação:

         - Do jeito que você está duro, não foram as louras engarrafadas, foi a cachaça mesmo!

        Tentei explicar, mas ele não me deu trela. Falei, falei que encontrei uma linda loura em frente a igreja e que eu a segui até ela sumir no cemitério.

        Não me disse mais nada, apenas deu um risinho debochado e saiu pela porta, sem olhar para trás, indo tomar o seu café.

       - Foi tudo verdade! – gritei, antes que ele sumisse das minhas vistas.

FIM

         

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