terça-feira, 26 de agosto de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 70

 


Continuando...

                José Antônio, parecia que ainda não tinha se acostumado com essas surpresas, e se colocou num canto, um pouco afastado. Não era muito de falar, ainda mais com tudo isso que acontecia, desde que conheceu Dyllon e agora essa outra pessoa, que parecia ser também do mesmo lugar. Tentou falar mas não conseguiu. Ficou apenas aguardando o que o estranho ia responder a Natasha.

                - Desculpe se te assustei. O meu nome é Oliveira, soldado Oliveira. Na realidade o meu nome e João Carlos, mas a gente no exército só é chamado pelo o sobrenome. Qual o seu nome?

               - Natasha. E o meu namorado, é José Antônio. - apontando para ele, que apenas balançou a cabeça.

               - Dyllon, eu ainda não estou entendendo o que está acontecendo comigo. E não sei o que aconteceu quando entrei dentro de uma luz. Quando sai de lá, já estava assim. Eu cheguei até aqui, seguindo um fio d’água. Um fio mesmo! Brotou do nada lá onde eu estava. A única água que tínhamos era de um poço. Existe uma fonte, também um fiapo, que some no chão, na parte isolada pela radiação.

             - Me explica sobre esse fio d’água. Foi ele que trouxe você até aqui?

             - Isso mesmo. Ele surgiu no chão. Não tinha mais do que um palmo de largura. Era reto, indo na direção sul. Aí foi só seguir.

             - E quem foi que mandou você seguir esse fio d’água? – perguntou Natasha.

              - Não sei. Estava dentro da minha cabeça. Alguém falava comigo, sem eu ver. Pensei que estivesse ficando maluco. E ela me mandou ficar calmo. Depois me mandou ajudar um irmão, que estava em apuros, e eu vim. E aqui estou. Só isso. E agora, Dyllon, o que é que vamos fazer? Você é um irmão que eu desconhecia? O que meu pai andou fazendo por aí?

                Nesse momento Dyllon estava pensativo. Mas quando ouviu aquilo, ficou irritado.

                - O que é que você está querendo dizer? Minha mãe, que não lembro, era uma pessoa honesta! Não admito que levante suspeitas maldosas contra ela! Um dia vou me lembrar dela, e ela continua no altar da pureza! Quem é você para falar assim dela?

                 Natasha veio em socorro do amigo, mas contemporizou.

                 - Fica calmo, Dyllon. Acho que não foi isso que ele quis dizer. Deve ser irmão, como Jesus falou. Não é soldado?

                 - Claro. A voz é que me disse para ajudar um irmão, então estou aqui. A sua mãe deve ser uma santa, como a minha é. Não fique aborrecido. Eu vim para ajudar e é isso que vou fazer. Agora me diz que criaturas são aquelas do outro lado?

                 - Não sei. Um tubarão com pernas e braços de humanos? Foi isso mesmo que eu vi, soldado?

                  - Foi o que eu vi também. Mas quem era aquela pessoa estranha lá no fundo? Aquela criatura me pareceu mais perigosa do que os monstros.

                  Dyllon ficou em silêncio, parecia que matutava alguma coisa. Andou de um lado para o outro, sob os olhares ansiosos de Natasha e o do namorado, que permanecia silencioso. De repente ele saiu de onde estava e foi até Dyllon.

                   - Senhor, logo que vim trabalhar aqui, ouvi algumas coisas a respeito de pesquisas envolvendo mistura de gens humano com outros animais. Mas nunca liguei muito para isso, pois achei que era alguma coisa ligada a ficção. Só podia ser coisa de cinema. Só no cinema que faz isso. Tem  outra explicação? Até sobre extraterreno eu ouvi. Como pode vazar uma  coisa assim, quando é um projeto de total sigilo? Só voltei a acreditar um pouquinho nessas fantasias, quando conheci o senhor.

            - Interessante. – disse Dyllan – Você acha que sou extraterreno?

 -----Continua Semana que vem!

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 69

 


 Continuando...

            Dyllon não falou nada e enfiou novamente a cara por dentro da porta. Depois passou o corpo todo. Parecia mais confiante. De repente levou o maior susto, quando alguém desceu pelo teto e caiu em pé do seu lado. Olhou interrogativo para a pessoa que estava quase encostado no seu corpo. A voz não saiu. Estava engasgado. Por incrível que pareça estava assustado com aquela aparição repentina. Mas a pessoa sorriu para ele e se apresentou:

              - Oi. – estendendo a mão – O meu nome é Oliveira. Soldado Oliveira.

              Finalmente Dyllon conseguiu se descontrair e disse seu nome para o visitante.

             - O meu é Dyllon. Mas não é o meu nome verdadeiro, porque não consegui me lembrar até hoje. Dê onde você veio?

             - Vim de dentro da floresta amazônica. Eu fazia parte de um destacamento que vigiava um local que fora isolado. As pessoas que moravam ali, pouca gente, foram contaminadas por radiação. Vitimas de uma experiência atômica. Do destacamento só sobrou eu. Depois conto tudo. Agora temos que sair daqui. Fui enviado por alguém, que não sei quem é, para salvá-lo e a mais alguém. Só sei que você é meu irmão. – riu – Só que sempre fui filho único. – e quase gargalhou.

             - Estranho. Eu vim de um lugar, que o único sobrevivente fui eu. Dormi aqui por vinte anos, na enfermaria aqui do outro lado, e acordei a poucos dias, mas que parece uma eternidade. De repente é desse mesmo lugar que vim. Mas... Você chegou em boa hora. Eu não estou cem por cento. Entraram algumas substâncias em mim, que limitaram os meus poderes. 

              - Eu também tenho alguns poderes, que nem sei como surgiram. Mas desconfio que foi quando entrei numa luz. Depois a gente conversa sobre isso. Agora... Quem são essas criaturas?

                 - Não sei. Nunca vi uma coisa assim. Está vendo aquela pessoa lá no fundo do corredor?

                 - Eu estou preocupado é com essas criaturas que estão aqui próximos, bem próximos. São animais ou humanos? Parece que estão esperando só alguém ordenar o ataque.

                - Você pode ficar invisível?

                - Dyllon, é o seu nome, certo? Eu não sei. Eu levito. De repente li o pensamento de alguém ali do grupo. E passei por esse teto. – apontando para cima – Então está faltando eu ficar invisível. E você fica?

                - Normalmente eu ficava, mas agora não estou conseguindo. Acho que foi o que aplicaram em mim que causou o bloqueio. Mas você pode. É só pensar e você fica. Vamos fazer um teste. Vamos passar por aqui, por dentro da parede.

                Os dois passaram tranquilamente de um lado para o outro. Natasha já estava preocupada com a demora do amigo.

              - Dyllon, você demorou muito. O que tem do outro lado? Alguma coisa está atrapalhando a nossa fuga?

              - Realmente têm umas criaturas impedindo a nossa passagem, mas chegou uma ajuda inesperada. Eu o conheci agora.

              - Quem é? Cadê ele? – perguntou ansiosa, Natasha.

              Dyllon riu e olhou para o amigo.

             - Soldado, viu só como deu certo! Agora pode aparecer.

              Imediatamente Oliveira apareceu, causando um grande susto nos dois, em Natasha e José Antônio.

             - Meu Deus, quem é você? – perguntou Natasha, ainda se recuperando do susto.

 ...Continua na Semana que vem!

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 68

 


Continuando...

                O soldado Oliveira parecia que tinha saído de um transe. Não estava entendendo o que tinha acontecido. Aquela voz que escutara, sem saber de onde viera, ainda ecoava dentro da sua cabeça. Lembrou-se que passara por dentro da fortificação sem nenhuma dificuldade e saíra do mesmo jeito. – “Que poder é esse que me pegou de repente?” – balbuciou. E o mais estranho é que não se lembrou de procurar alguma porta para passar. Depois se deu conta que não estava pisando no chão. –Será que eu morri? – gritou para ninguém.

                       Saiu da fortificação sem precisar abrir o portão. A princípio pensou entrar na floresta e procurar os seus amigos, mas depois concluiu que não poderia interferir na escolha de cada um deles. Ele escolheu ficar. Usou o seu livre arbítrio e os outros também fizeram o mesmo. E quem era ele para interferir na escolha dos outros? Se pelo menos tivesse escutado algum pedido de socorro, era diferente. Entretanto não percebendo qualquer apelo vindo do fundo da floresta, preferiu deixar como estava. Lá era a morada que eles escolheram para ficar, então quem era ele para mudar o que estava escrito. O mundo ia esquecer que existiu um pelotão que pereceu na floresta, mas a floresta ia ser a guardiã daquelas almas para a eternidade.

               “Que rumo tomar?” – perguntou à floresta. Mas uma voz respondeu na sua mente. – Siga o rio. Mas não molhe os pés.

                 O soldado achou aquilo muito estranho. Sabia que onde estava não existia rio algum. Só existia uma filete d’água, uma fonte contaminada, que sumia por dentro do chão, lá dentro do cercado e o poço de onde tiravam a água para consumo da tropa. E a voz ecoou novamente.

               - Atravesse o portão e verás o rio.  É apenas um fio de água que vai leva-lo até onde precisam de você.

               Ele atravessou o portão, sem precisar abri-lo e realmente encontrou o menor rio que já vira. Não passava de um palmo de largura. Era uma linha d’água que se dirigia para o sul. Pensou em beber um pouco daquela água cristalina, mas não conseguiu encostar um dedo sequer na sua superfície. E a voz mais uma vez ecoou.

             - Essa água não mata a sede, ela é só o caminho para afogar a ignorância. Pode afogar também a maldade. Siga em frente, até chegar no lugar certo, onde vais descer e encontrar o seu irmão. Vai ajuda-lo a sair do buraco. Tem mais dois amigos que virão com ele. Lá é onde mora a maldade. Vai e volta. Estaremos aqui.

            Oliveira, o soldado, parecia imerso numa loucura. Ouvia a voz dentro da sua cabeça que mandava-o ir para algum lugar e salvar alguém que não sabia quem era. Só que não conseguia evitar seguir aquele misterioso comando. Quem o comandava? Ele desconhecia. Estava achando tudo muito estranho. As interrogações explodiam dentro do cérebro. 

            Resolveu caminhar seguindo aquele fio de água. De repente se deu conta que não sentia o chão. Olhou para o pé viu que caminhava no ar. Estava  a alguns metros acima do chão. Depois lembrou-se que passara por dentro do portão. Apertou o corpo para ver se não tinha morrido, se era ainda de carne e osso. Sorriu aliviado ao constatar que ainda sentia o aperto da sua mão nos membros. Estava vivo, sem dúvida, mas só que não era mais uma pessoa comum.

             A voz ecoou de novo na sua cabeça, lembrando-o  que tinha um irmão precisando dele a muitos quilômetros dali. Só que não se lembrava de ter algum irmão. Era filho único. Quem seria esse irmão? Não importava quem seria essa pessoa, se era um irmão, ele ia. Olhou o fio d’água e foi em frente. Flutuava feito um pássaro. Se sentiu, realmente, um pássaro, só que sem asas. Voava, voava com um destino a cumprir.

            O tempo que seguiu o menor riacho do mundo, assim achou, pareceu frações de segundos. Parou em um lugar onde o fio d’água sumia no chão. Olhou para ver onde a água mergulhava, mas não achou nada. Viu outra coisa.

              Dyllon não sabia o que estava vendo. Natasha cutucou-o para saber o que estava acontecendo, já que o amigo não atravessara o corpo por completo. Ele não respondeu e nem se mexeu. Ela então puxou-o pelas pernas, com a ajuda do namorado. Dyllon saiu de dentro da porta com os olhos arregalados. Pela primeira vez a enfermeira vira o amigo com uma expressão tão assustada.

            - O que foi, Dyllon?

            - Não sei... – fez uma pausa – O que é aquilo? - Esfregou as mãos tenso.

             - Calma, Dyllon. Explica o que está havendo. Já estou ficando nervosa.

 ,,,Continua Semana que vem!