sábado, 10 de dezembro de 2011

Eu Queria, a estória

EU QUERIA
                                                  A estória

          A minha manhã acordou cinzenta. Levantei e você já não estava. Fiquei horas a fio experimentando a solidão. Do lado de fora, a mata resplandecia. Ela bebia toda chuva que podia. E doava gentilmente as suas folhagens para que os pássaros se protegessem das intempéries. Mas com isso toda a mata se abraçava ao canto dos pássaros. Era uma troca constante. E nisso tudo a chuva acabava se “esverdeando” e os pássaros se encharcando dos cantos das árvores, arbustos e riachos. Às vezes,  as matas cantam mais que os próprios pássaros. Quem tem ouvido que ouça. É lá que mora a harmonia.
          Tentei abrir portas e janelas, mas estava com a alma fechada. Lembrei-me que apenas vivia de posse. Eu dono do seu corpo e alma. Você chegava e se trancava dentro das suas cismas. Eu nada perguntava pelas suas dores. Você ia e vinha com a tristeza à tira colo e eu continuava mergulhado na minha cegueira. Só a sua presença bastava. Eu assim sempre achei. Não era de falar muito, isso era conveniente. E eu pensava que pensava. E você já não estava mais ali. Só nesse momento é que percebi, que dessa vez não tinha volta. Você acordou e eu continuei dormindo. Mas bastou eu abrir um pouquinho o olho, para perceber que você tinha visto o dia raiar. Acordei tardiamente.
          Tenho que abrir a porta. Tenho que manter a janela escancarada. Tenho que saber da vida. Tenho que saber de tudo. Tenho que aprender um pouco de vida, de sonho, de esperança, de saudade... Quem sabe um dia você volta? Aí, de repente, eu vou ter coragem de dizer o que eu nunca tive coragem de segredar. Eu queria poder escrever alguma coisa bonita. Sei até que o mais simples a fará feliz. Se você voltar, vou falar de amor. Vou dizer qualquer coisa pra mostrar que você sempre existiu pra mim. Os nossos encontros serão cheios de vida. Você vai ver só! Vai ser tudo simples, mas especial!  

                                                   Fim                           
José Timotheo

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