quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sem Preconceito - a estória

SEM PRECONCEITO
                                                A estória
                                                                    José Timotheo

          Em qualquer canto um surdo ecoa. Bate compassado. Começa alimentar a alma. Aí o coração bate junto. É a marcação do samba começando. É o chamamento para o samba no pé. Nessa hora alma e corpo já estão enfeitados de sonhos. Vem branco, preto, amarelo... Não importa a cor, a raça, as esperanças e os sonhos, eles fazem parte da mesma festa. É pé no chão e cabeça no céu. Cada um faz a sua viagem pela história, no bojo da empolgação de várias raças. Mas tem uns que carregam o sonho o ano inteiro. Esse, vive vinte e quatro horas por dia bebendo a esperança de ver o seu sonho deslizar pela avenida, sob os aplausos da multidão. E esse sonho caminha um pouco mais à frente, vislumbrando o carnaval do ano seguinte, que já está quase pronto na sua cabeça e no seu coração. Isso não pára nunca. É o seu ar! É a sua comida! É a sua vida!
           Em algum momento ele chora porque a sua escola perdeu. Mas ele pensa: - “E daí?” – No fundo o seu coração diz que amanhã pode estar chorando, mas de emoção, quando a sua escola for campeã. A vitória está sempre à frente, a sua espera. Um dia ela chega. E tem que se preparar para isso. Então tem começar tudo de novo. É samba no pé e na cabeça. É a roda viva continuando. É a sua roda da vida: não pára nunca!
           O mundo vem, vê e entra na folia. De sorriso aberto, os verdadeiros donos do samba, dão às boas vindas para qualquer raça que venha saborear esse prato mágico, chamado samba. Podem se empanturrar! Eles degustam, aprovam e voltam no ano seguinte. Acabam sonhando como os nossos sambistas. E aprendem que o samba, é a maior nação do mundo, onde o preconceito jamais fez morada. Aqui ninguém escraviza o sonho e a esperança.
          O surdo vai fazendo a marcação. Vai agregando docemente na avenida uma legião de adoradores da saudade. Eles cantam e deslizam pela passarela do samba, com a certeza que logo, logo estarão com lágrimas nos olhos, saboreando uma doce lembrança, que desfilará nos trezentos e sessenta e cinco dias da sua vida, até a chegada da próxima festa.
           E lá vem o cavaquinho, o pandeiro, agogô, repique, surdo, tamborim e mais outros e outros instrumentos de percussão. Impávido, lá está o puxador de samba cantando, com a sua alma, a nossa vida. E cada escola conta um pedaço do Brasil de ontem e de hoje. Os retalhos da formação da nossa cultura estão ali para serem mostrados ao mundo. E é ali que expomos os momentos alegres e tristes da nossa história. E sem preconceito! E salve o samba!
                                                   fim
Aguarde em breve a letra e a liberação da música no myspace do compositor!!

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