Continuando...
O Dr. Walter, pela sua expressão facial, não tinha ou não sabia o que falar para consolá-lo. Ele que estava ali para colocar o amigo a par das suas suspeitas e tentar, com ele, encontrar alguma solução para o que o martirizava, não sabia mais o que fazer.
A sua solução, achava, era clara e objetiva, mas ainda não tinha revelado. Agora, com esse problema de Ferguson, estava num beco sem saída. Enquanto pensava, levantou-se foi até a cafeteira, jogou o saco com o pó velho fora, isso sem muita pressa, e, antes de colocar o novo pó e água na cafeteira, perguntou ao amigo se dessa vez ele aceitaria um cafezinho. Fergusson, que estava de cabeça baixa, levantou-a e balançou afirmando que aceitava o café e agradeceu ao amigo pela sua gentileza. Falou tão baixo, que saiu apenas um sussurro. Walter nem procurou saber o que ele falara, aparentemente nem precisava saber. O que estava importando, naquele momento, era chegar a uma conclusão se deveria ou não falar sobre a sua solução. Mas mesmo assim colocou a quantidade suficiente de água e pó para os dois.
Estava de pé, de costas para o amigo. Enquanto estava ali, não trocou palavra com ele. Era tanto silêncio, separando os dois, que só o barulho da água fevervente, caindo em cima do pó, não permitia que essa quietude fosse absoluta. Botou adoçante na sua xícara e derramou café, ralo feito água de batata, tão transparente que dava para ver o fundo da xícara. Depois jogou o café direto na outra xícara, sem perguntar ao amigo com o que ia adoçar. Pegou as duas, mas antes de entregar a do amigo, se arrependeu e adoçou-a.
Bebericaram o café, que não devia estar muito bom, porque o Dr. Fergusson fez cara feia. Já no segundo gole, colocou a xícara em cima da mesa, ainda pela medade.
- Pelo jeito não fiz um bom café.- disse Dr. Walter.
- Não é o café, eu é que estou ruim. – falou Dr. Ferguson.
- Fergusson, temos ainda mais de dois anos pela frente. Até lá vamos resolver essa questão. Eu já tenho a idéia e podemos botar em prática.
- O que é, Walter? – perguntou ansioso, Ferguson.
Natasha acordou mais cedo do que o de costume. Estava tensa. Foi para debaixo do chuveiro quente para tentar relaxar. Era hoje o dia que ia encontrar com o rapaz do monitoramento, José Antônio. Gostaria de se perfumar, colocar um batom diferente do usual, pois usava apenas um brilho labial, e soltar os cabelos, mas nada disso era permitido. Sentiu uma tristeza, mas não deixou que se instalasse. Hoje era o dia de esperança. Olhava para o espelho e sorria, balançando os cabelos até soltá-los totalmente.
Perdeu a noção do tempo que estava no banheiro. Se enrolou na toalha, saiu do box e olhou no relógio. Suspirou aliviada, o tempo fora generoso com ela, os ponteiros do relógio mal se movimentaram. Estava com o tempo suficiente para encontrar com José Antônio. Podia ir com calma para o restaurante e tomar o seu café com tranquilidade. Desde que fosse um pouquinho mais cedo, pensou. Não queria se arriscar e se desencontrar dele. Estava ansiosa para saber o que estava escrito no bilhete que ele ia lhe entregar.
Saiu antes das sete horas, a caminho do restaurante. Sentou-se para o dejejun. Olhou para mesa posta, como era o normal. Tinha quase certeza que sabia tudo que estava ali. Todos os tipos de pães, queijos, presuntos, biscoitos, doce e salgado, bolos... Realmente podia se fartar. Mas já estava enjoada daquilo tudo. Nem agradecer a quem fez todas aquelas guloseimas, podia. Ela nunca viu ninguém, mas tinha certeza que era vista pelo pessoal da cozinha. Como fazia sempre, olhou em volta para ver se descobria algum ponto que encontrasse algum olho a espreita-la. Depois olhou para o relógio. Faltavam alguns minutos para às sete horas. Precisamente seis minutos. Então resolveu sair dali às sete horas em ponto. Passaria pelo seu quarto, escovaria os dentes e queria estar, mais ou menos, no mesmo horário da outra vez. Com precisão não se lembrava, mas estimou em sete e dez. E era nesse horário que ia sair do quarto.
......Continua Semana que vem!
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