Continuando,,,
Natasha, movida pela ansiedade, abriu a porta algumas vezes até se decidir a sair. Mas antes de colocar os pés do lado de fora , botou a cara e olhou para um lado e para o outro. Não sabia porquê fez isso, já que nunca teve motivos para ter medo. Sempre saiu direto em direção ao quarto de Dyllon, sem sequer questionar se alguém a estava vigiando. Abriu a porta, mas não saiu imediatamente. Antes fez o sinal da cruz e pegou a sua prancheta que estava em cima da cama.
O corredor, como sempre, estava vazio. Antes do misterioso paciente acordar, nunca questionou que poderia estar sendo vigiada, mas agora isso tinha mudado. Qualquer passo fora do seu quarto, a sensação de estar sendo observada era presente. Não era só pelas câmeras, não. Imaginava que alguém estava olhando-a por algum buraco na parede. Agora, quando saía, olhava para todos os lados. Descofiava até da sombra.
A enfermeira olhou para o relógio: marcava sete horas e doze minutos. Ficou sobressaltada. Nem sinal do rapaz, no fim do corredor. Sabia que não podia arriscar ficando parada, então foi andando o mais devagar possível. Deu um, dois, três, quatro passos e parou, fingindo fazer alguma anotação na sua prancheta. Depois esticou olhar para a sua frente. Nisso, com um sorriso brotando sem perceber, viu quando José Antônio saiu da sua sala. Ela continuou andando em sua direção, mas ele fez sinal para que esperasse. Ele chegou do seu lado e entregou-lhe um papel dobrado. Sorriu para ela e perguntou:
- É verdade o que você escreveu no bilhete?
Ela não conseguiu responder, apenas balançou a cabeça confirmando. Ele sorriu e segurou a sua mão carinhosamente.
- Leia o bilhete. Amanhã volto para o meu plantão, às sete horas. Quando sair, no dia seguinte, nesse mesmo horário, nos encontramos.
Ela, que continuava com a mão presa na dele, sorriu e balançou a cabeça mais uma vez, dizendo que sim. Ele então levou a mão dela até próximo dos seus lábios, inclinou a cabeça, e beijou-a carinhosamente, deixando-a perceber claramente que estava interessado nela. O coração de Natasha ficou acelerado. O rapaz se despediu com um até depois de amanhã, e ela ficou parada sem saber o que fazer. Não sabia se ia em frente, até a enfermaria onde estava Dyllon, ou se voltava para o seu quarto, para ler o bilhete, que estava escondido na sua mão, já um pouco amassado, com privacidade. Não queria que o amigo soubesse do conteúdo, não que não confiasse nele, era talvez por vergonha. Sentiu que pudesse ter um conteúdo que pertencia apenas a ela e a José Antônio. Não queria que uma terceira pessoa, no caso Dyllon, tivesse conhecimento.
Sentou-se na ponta da cama e abriu, nervosamente, o papel dobrado. Antes de ler, colocou em cima da cama e passou a mão por cima para desamassar um pouco. Ainda receosa do conteúdo, custou a iniciar a leitura. Depois de uma respiração profunda, tomou coragem e enfiou o par de olhos e a curiosidade em cima do bilhete.
“Minha querida. – com esse início, sorriu e colocou emocionada o bilhete em cima do coração. Depois continuou. – Não sei o seu nome,mas talvez você também não saiba o meu. O meu é José Antônio. Gostei muito de receber o seu bilhete. Realmente você simpatiza comigo? Gostaria de conversar? Você disse que é impedida de falar com as pessoas da base, eu também sou, pelo contrato que assinei, mas só em relação a você. Mas eu gostaria de encontra-la, de qualquer jeito, mesmo infringindo esse item do contrato. Desde a primeira vez que eu a vi, meu coração disparou. Não sei se aconteceu a mesma coisa com você. Estou torcendo que sim.
Tenho uma curiosidade imensa em saber o que tem atrás daquela porta. Há três anos que a vejo entrar ali. Observei que só entram, você e os dois médicos. Sou curioso!!
Esse bilhete está parecendo uma carta, de tão grande. Mas não vou me alongar mais. Já consegui fazer um esquema com o meu amigo, Willian, para depois de amanhã. Quando nos encontrarmos, eu te explico tudo.
Estou curioso em saber o que você quer me perguntar.
Estou mandando um beijo grande, mesmo sem saber se você aprova minha ousadia.
Até depois de amanhã, um pouquinho depois das sete horas.”
Natasha estava visivelmente emocionada. Ao levantar da cama, percebeu que a sua perna estava um pouco bamba. O coração estava acelerado, apenas com a leitura de um bilhete. Olhou-se no espelho e viu que estava como o rosto rosado. Ia contar os minutos para o encontro com o rapaz. Naquele instante ela se viu adolescente e sentindo a mesma coisa de anos atrás. Já era uma mulher com vinte e cinco anos e nunca pensou que pudesse acontecer essa emoção de novo, depois da adolescência.
.....Continua Semana que vem!