terça-feira, 25 de julho de 2023

A Minha Casa Não é Essa - Parte 63

 


 Continuando...

            Os dois já estavam ali sentados a mais de meia hora, em silêncio. Mohammed não desgrudava os seus olhos da névoa. Estava atento para qualquer alteração no movimento do gás. Mas para sua surpresa ele continuava no mesmo lugar. Não se expandiu nem um milímetro sequer. – Que força era aquela que estava segurando o gás venenoso? – pensou, franzindo a testa. Em seguida lembrou-se do amigo Rachid: - Onde será que se meteu Rachid? – Pensou e levantou-se, quase num pulo, assustando o sargento que, finalmente, acordou do mutismo:

           - O que houve Mohammed? Você me assustou!

           - Desculpe sargento. Acabei de me lembrar de Rachid. Ele foi fazer um reconhecimento nesse túnel aqui - apontando -, mas não voltou mais.

           - Será que fugiu?

           - Não. Não acredito que ele tenha feito isso. Aconteceu alguma coisa com ele. Estou preocupado. Será que o gás o pegou?

           - Talvez sim, talvez não. Mas acredito mais que tenha fugido. O gás... Para ir por esse túnel, tinha que ter envolvido todos esses outros túneis. E pelo o que estou vendo, ele não passou dali. – Apontava para onde o gás estava parado. 

           - Mas sargento, o meu amigo não é desse tipo de gente, que foge e deixa o amigo no sufoco, para salvar a sua pele.

           - É. Pode ser. Então só tem um jeito.

           - Que jeito?

           - Vamos à procura dele.

           - O senhor vai também?

           - Mas é claro. Se ele é seu amigo, então é meu amigo também. Amigo de um amigo, amigo é.

           - Verdade, sargento? O senhor é meu amigo?

           - Claro! Mohammed, você salvou a minha vida!

           - Mas o senhor também salvou a minha! Como já falei para o senhor, e vou repetir: serei grato para o resto da vida. Não estou nem me preocupando mais em ser seu prisioneiro.

           - E quem disse que você é meu prisioneiro?

           - O senhor... o senhor me prendeu.

           - Isso foi antes. Já esqueci o que passou. O que passou, está enterrado. Agora, vamos procurar Rachid. Temos que sair o mais rápido possível daqui. Vamos?

            Téo perguntou e já foi se levantando rapidamente, como se nada tivesse acontecido com ele. A sua vitalidade tinha voltado plenamente. Abraçou Mohammed e empurrou-o gentilmente em direção ao túnel que ele tinha apontado, sem, entretanto, soltar o seu ombro.

             Mohammed queria acelerar um pouco os passos, mas era contido pelo sargento, que ditava a caminhada em passos curtos. O menino achou estranho, aqueles passos lentos. Ficou preocupado com o fato e questionou:

            - Ué sargento. O senhor não está se sentindo bem?

            - Estou bem. Está achando estranho por que não estou deixando você caminhar mais rápido?

            - É. Tá esquisito.

            - Mohammed, temos que ter cautela. Além do gás, de repente entrou por outro local, existe também a possibilidade dos bandidos terem entrado no túnel. Isso aqui deve ser obra deles. Se bem que acho muita sofisticação para ter a assinatura de qualquer país. Esses tubos tão grandes, com aço de primeira... Desculpe, isto não é aço. Não sei que material é esse. (fez uma pausa) Como é que a colocação de tantos tubos não chamou a atenção de ninguém? Isso passa por baixo de várias casas. Me parece que é desconhecido de todo mundo. Será quem fez isso?

              - O senhor acha que os Afegãos não são inteligentes suficientes para construir uma rota de fuga – é o que me parece – dessas?

              - Eu não acho que eles sejam incompetentes. E menos inteligentes. Acho que não têm tecnologia suficiente para tal construção. Não só eles, mas país nenhum tem. 

              - Aí o senhor tem razão. Ainda mais que eles se fecharam para quase todo mundo. Até comida falta. Tudo racionado. É... Mas, se tivesse tudo normal, mesmo assim não teriam capacidade para tal obra de engenharia?

              - Não se trata disso. Você continua achando que estou desmerecendo o povo afegão. Vou repetir mais uma vez: pelo que vejo aqui, país nenhum tem tecnologia para construir isso. Vamos Mohammed. Não vou segurar mais o seu ombro, não. Nem falar mais sobre isso. Vamos andando devagar.

              Realmente o menino se calou e aceitou a sugestão de Téo para andarem vagarosamente. Com cautela foram caminhando até chegarem num outro cruzamento. Era mais um ponto parecido com os dois primeiros. Um local largo com mais três túneis.

               Os dois pararam e ficaram sem saber qual o caminho tomar. Téo coçou a cabeça, a indecisão estava clara nos seus gestos, depois de alguns segundos pensativo falou:

                - Mohammed. Sei que você já observou aonde chegamos.

            O menino balançou cabeça confirmando, preferindo não comentar nada, e esperou que o sargento continuasse a falar.

              - É. Parece que estamos numa encruzilhada sem saída. Viu que não tem nenhuma saída, só túneis e mais túneis. Isso aqui está parecendo mais uma prisão subterrânea. Acho que só tem aquela entrada, onde é também uma saída. Só que não encontramos até agora nenhuma cela. Isso é uma tremenda incógnita. E...

               - É, sargento. – cortando a fala de Téo - Estamos num mato sem cachorro. O que é que a gente faz agora?

               - Você me interrompeu. E não sabe também o que fazer, não é?

               - Talvez. Posso dar uma opinião?

               - Se for para resolver a questão, é bem-vinda.

               - Sargento, sabemos que não podemos ficar parados aqui sem fazer nada. O senhor lá atrás falou para irmos em frente, certo?

               - Sim. E o quê que você está pensando?

               - Penso que devemos mudar de direção. Agora vamos entrar nesse caminho da direita. Se não der certo, a gente volta e pega o túnel da esquerda. E que se não der certo de novo, vamos em frente.

               - E depois?

               - Depois? Depois eu não sei. Mas vamos tentar.

              - Rachid parecia uma estátua. Com quase todos os movimentos travados, apenas conseguia mexer os olhos, um par de olhos assustados, que varria o que podia visualizar. Com eles tão arregalados, parecia que estavam prestes a saltarem das órbitas. Naquele momento, o que se via neles, eram interrogações e mais interrogações que a sua alma gritava:

              - O que é isso, Alá? Que lugar é esse? Alá, me salva!

 .....Continua Semana que vem!

terça-feira, 18 de julho de 2023

A Minha Casa Não é Essa - Parte 62

 


 Continuando...

            O que estava no comando pegou o seu binóculo e varreu cada pedacinho daquelas ruínas, que se estendia por um raio de aproximadamente duzentos metros. Naquele trecho da cidade, poucas habitações conseguiram permanecer de pé. A região fora castiga por mísseis, por dias seguidos. Da população civil, pouca gente sobreviveu. Foram massacrados pelas forças de coalizão, como pelos próprios combatentes Afegãos, aliados das forças estrangeiras, por milicianos e vários grupos independentes. 

          O bandido que comandava, depois de vasculhar os escombros, voltou, se arrastando, e foi até onde estava o comparsa mais próximo. Mal ele chegou, foi interrogado:

          - Kalled, o que houve?

          - Não houve nada! – respondeu meio ríspido - Eu só quero saber onde fica a tal entrada para o porão!

         - Eu pensei que o senhor soubesse.

         - Não. Não sei. Quem sabia era Ali. Vamos esperar mais um pouco, antes de jogarmos mais bombas por aqui. Eu sinto que eles estão bem perto. É só uma questão de paciência. Pegando um deles, achamos os outros, que devem estar dentro do porão. A informação foi precisa. O garoto não mente. Mas se dessa vez ele mentiu, essa vai ser a primeira e última. Vamos esperar por quinze minutos. Marcamos para vinte e trinta. Vou recuar mais um pouco. Avisa aos outros. Vai rápido. Eu vou em seguida.

         Os quinze minutos de espera, pareceu uma eternidade. Precisamente na hora marcada começou a chuva de granadas, em parceria com a bazuca vomitando uma bomba atrás da outra. Uma dessas bombas caiu bem em cima de uma das passagens para onde o sargento e Mohammed já tinham achado. Essa entrada ficava afastada da que o Téo e o menino tinham encontrado. Com o choque algum dispositivo foi acionado, causando a liberação de um gás tóxico, que eles desconheciam. Foi esse gás que Mohammed viu.

           Os bandidos estavam obstinados, principalmente o líder, que queria de qualquer jeito a cabeça dos americanos. Um chefe foi morto, ele então tinha que ser vingado. E o vingador, o novo chefe, era nada mais, nada menos que o seu irmão Kalled, que liderava aquele bando.

             Depois das bombas despejadas em cima dos escombros, levantando uma nuvem de poeira infernal, as poucas paredes que tinham resistido aos mísseis, quase viraram pó. Nada ficou de pé. Era só pedra sobre pedra. Pelo olhar de Kalled, ele não estava satisfeito com a devastação. O que ele queria mesmo era colocar as mãos em cada um dos americanos e ele mesmo matá-los um de cada vez.

             Kalled esperou a poeira se assentar, para fazer um reconhecimento em toda ruína, para ver se achava algum sobrevivente, que estava ali fora. Quando a poeira se assentou, cuidadosamente se levantou e fez uma varredura com o seu binóculo, com o intuito de tentar localizar algum corpo naquele monte de entulho, ou alguém ainda vivo. Com o tempo que ficou observando e não vendo nenhum sinal de algum ser vivo, levantou-se, virou-se para os seus comandados e ergueu um braço. Com isso o comparsa que carregava a bazuca entendeu que era para fazer outro disparo. Lançou a bomba no meio das ruínas, aí levantou de novo uma cortina de poeira pior que a anterior. Kalled gritou irado, desenrolou um pouco mais o turbante e escondeu o rosto por debaixo do tecido e se jogou no chão.

          Mohammed foi caminhando à procura do sargento e dos outros dois soldados. Conseguiu chegar até onde tinha deixado os militares, apesar da névoa que tomava conta de toda tubulação. Mesmo com a fumaça densa, conseguiu ver o sargento, que estava de cócoras, ao lado do soldado John. Colocou uma das mãos no seu ombro e chamou-o:

          - Sargento. Sargento. Vamos sair daqui. O senhor está bem?

          Téo custou a responder. Mas conseguiu levantar a cabeça e olhar para o menino - ele tinha conseguido cobrir o rosto e colocar um óculo para proteger a vista contra o gás - e falou alguma coisa que Mohammed não entendeu. Depois esticou o braço, segurou a mão do menino, que oferecia ajuda, e conseguiu se pôr de pé.

            Mohammed, depois de prestar ajuda ao sargento, se arriou e olhou o soldado John para saber do seu estado. Mas constatou que ele já estava morto. Depois chamou pelo soldado Peter, mas não recebeu nenhuma resposta. Então foi até ele e puxou-o pelo braço, entretanto não obteve nenhuma reação. O menino então o virou de barriga para cima e constatou que o magricela também estava morto. Ele não tinha se protegido como fez o sargento. Aspirou todo o gás.

            Téo caminhava com dificuldade apoiado em Mohammed. Parecia que o gás já tinha se espalhado por todos os túneis. A névoa não tinha fim. Depois de algum tempo caminhando, finalmente o menino percebeu que ao se aproximar de onde tinha esperado pelos militares e que tinha se separado do amigo, o gás ainda não tinha chegado. Ao ultrapassá-lo, Mohammed observou que, não sabia explicar, alguma coisa não permitiu a sua expansão. Colocou o sargento sentado e depois respirou, aliviado. Mas tinha certeza que não poderiam ficar por ali por muito tempo.

           O sargento parecia exausto. Talvez o problema tenha sido causado pela ingestão do gás, mesmo sendo em quantidade mínima. Por ser um gás não identificado, mas com certeza letal, não se poderia avaliar as causas futuras. Até o momento Téo estava se mostrando suficientemente forte, pois estava lúcido e com todos os seus movimentos. Já os seus amigos, não tiveram a mesma sorte e não resistiram.

            Mohammed com cuidado ajudou-o a se sentar. Um descanso, mesmo que não fosse longo, e respirando ar puro, o ajudaria a se restabelecer. Dava para perceber que ele estava sem fôlego até para falar, mas conseguiu retirar o pano que cobria a boca e o nariz. Depois olhou para o menino, sorriu e levantou o polegar direito, em sinal de agradecimento. Mohammed retribuiu o sorriso e balançou a cabeça, como se quisesse dizer “não há de quê”. Depois bateu amigavelmente no seu ombro e sentou-se ao seu lado.

           O sargento fechou os olhos e começou a lembrar-se da agonia de John e depois de Peter. Em relação ao soldado John, ele até conseguiu entender que não seria fácil mantê-lo vivo, mas o soldado Peter, ele não encontrou justificativa na sua recusa em cobrir o nariz, a boca e os olhos. Na sua visão, o que ele fez foi suicídio. Não quis lutar pela vida. Ao pensar nos amigos, um fio de lágrimas escorreu pelo seu rosto. Mohammed percebeu, mas preferiu não fazer qualquer comentário, apenas bateu de leve na perna do sargento.

 ...Continua Semana que vem!

terça-feira, 11 de julho de 2023

A Minha Casa Não é Essa - Parte 61

 


 Continuando...

        Mohammed perdeu o amigo de vista. Levantou-se, olhou na direção do túnel à sua frente e achou estranho a demora dos soldados. Mesmo com a dificuldade de locomoção, pois carregavam um peso extra, não justificava tanta demora. Já estava ali há algum tempo, tempo suficiente para que eles atravessassem aquela distância sem problema algum. Isso lhe causou um mau presságio. Ficou inquieto. Movimentou-se de um lado para o outro, demonstrando o quanto estava tenso. Mesmo sabendo que para arrastar o grandalhão do John não seria coisa fácil, isso não era motivo suficiente para tamanho atraso. – Alguma coisa não está cheirando bem! – pensou, deixando transparecer o seu estado de preocupação. Torceu a ponta da orelha: gesto característico quando ia tomar alguma decisão. Mirou o túnel e decidido foi em sua direção. Mas parou antes de ir em frente, pois achou que deveria avisar ao amigo Rachid da sua decisão de ir ao encontro dos soldados. Olhou para o caminho que tinha ido o amigo, na esperança de vê-lo, entretanto constatou que não havia nem sombra dele. Então resolveu gritar, pelo menos para deixa-lo a par da sua decisão, todavia abortou a sua intenção no meio da garganta, achando que ele não iria dar a mínima importância para o seu gesto. Com isso apenas acenou para ninguém e foi na direção de onde estavam os soldados.

          O menino caminhava arrastando o peso da preocupação. Até onde tinha andado, nada encontrou que mostrasse uma suposta presença deles por ali. Mas também nada justificava essa sua procura por qualquer vestígio, tendo em vista que o caminho era só aquele. A não ser que tivessem escolhido outro caminho, indo pelo outro túnel. Achava essa suposição inviável. O sargento não ia manda-los seguir aquele túnel e depois mudar assim, sem mais nem menos de direção.

          Mohammed parou e ficou pensativo. Depois calculou a extensão que já tinha andado e a que ia andar. Fez uma estimativa do comprimento, por alto, em torno de cem metros. Já tinha andado, mais ou menos, trinta metros. Então tinha setenta metros pela frente. Mal começou a andar, observou, ao iluminar o fundo do túnel, com a sua pequena lanterna inseparável, que uma névoa branca, parecendo uma serração, avançava em sua direção. Ficou assustado e gritou pelo sargento:

           - Sargento Téo! Sargento Téo! Cadê vocês?

           Não obteve nenhuma resposta ao seu chamamento. Ficou em silêncio por alguns segundos para tentar escutar alguma coisa, mas como não ouviu nada, voltou a gritar pelo nome do sargento. Chamou mais uma vez, mais outra, mais e mais, até perder a conta. O único som que chegou até ele, foi o eco, mas quase apagado. Achou até que era um som sofrido que voltou para ele. Olhou para o braço e viu que estava arrepiado e isso não era bom. Para ele era um mau sinal. Pensou então em retornar e procurar Rachid para fugirem dali o mais rápido possível. Entretanto sentiu a consciência pesar, ao pensar em fugir dali sem ao menos procura-los. Pensou na dor que poderiam estar passando, envolvidos naquele gás, que não sabia de que natureza era. Então botou o coração na frente e se colocou no lugar deles. Depois dessa breve reflexão não pensou duas vezes, decidindo por socorrê-los.  Num ato continuo, meteu a mão no bolso e tirou um lenço, que trazia bordados duas iniciais: O e H. Há alguns anos olhava aquelas letras, mas nunca conseguiu descobrir o que elas representavam. Eram duas letras que escondiam o passado. O seu misterioso passado.

          Enquanto olhava para o lenço, de repente surgiu na sua mente vários camelos, cavalos e um grupo com aproximadamente quinze pessoas. Essas pessoas estavam em volta de uma fogueira conversando e comendo alguma coisa. Depois se viu dentro de uma tenda, que na hora percebeu que aquilo era a sua prisão, pois estava com as mãos e os pés amarrados. Dali, por um rasgo da tenda, via tudo que se passava do lado de fora. Tentou escutar o que diziam, mas não conseguia ouvir nada. De vez em quando uma ou outra gargalhada atravessava a noite. E era só isso.

          Como veio, esse rasgo de pensamento se foi. Balançou a cabeça, como se quisesse botar as imagens de novo no lugar, mas a única coisa que conseguiu foi bater com a cabeça na parede da tubulação, ocasionando com isso alguma dor e a presença de várias estrelas. Ficou esfregando a cabeça no lugar que tinha dado a pancada, pensando que, com isso, os seus pensamentos pudessem voltar. Ledo engano, não conseguiu mais lembrar-se do que tinha aparecido rápido e sumido mais rápido ainda. Já nem sabia mais como tinha batido com a cabeça na parede do tubo. Mistério.

          Mohammed pegou uma garrafa de água mineral que trazia no bolso e encharcou o seu lenço com ela. Depois desenrolou um pouco o seu turbante e com a sobra, envolveu a testa e foi enrolando até o pescoço, deixando apenas os olhos de fora e as narinas. Em seguida pegou o lenço molhado e cobriu o nariz. Em um dos bolsos da sua roupa pegou uns óculos usado para natação, que era a sua companhia constante, caso houvesse alguma emergência, e esse era o caso. Estava se sentindo protegido, então encarou a fumaça esbranquiçada.

 

          Rachid continuava se distanciando do amigo. Andava rápido, resmungando alguma coisa, mas ainda com as mãos tapando o ouvido, para não escutar qualquer chamamento de Mohammed. Tinha decidido voltar somente depois que refrescasse um pouco as ideias. Andou até encontrar outro local igual ao que tinha saído. Olhou para o túnel da frente, depois para o da sua esquerda e em seguida para o da direita. Decidiu-se então por esse último. E foi em frente.

         O menino ao apontar a sua lanterna para o fundo do túnel percebeu que, mesmo sendo uma luz fraca que saia da sua lanterna, o ambiente ficara com boa luminosidade. Olhou para aquele corredor iluminado, e apagou a lanterna. Para a sua surpresa, o túnel continuou aceso. Achou estranho, mas deu de ombro e foi em frente. A alguns metros à frente viu um ponto, a sua direita, brilhar. Aquilo chamou a sua atenção, atraiu-o, fazendo com que acelerasse os passos. Chegou bem próximo e viu uma caixa, com aproximadamente 50x50 cm, presa na parede da tubulação. Observou que tinha um pequeno botão do lado direito. Como a curiosidade falou mais alto, apertou-o. Lentamente uma portinhola de duas bandas foi abrindo, deixando a amostra algumas garrafas de água mineral, pacotes contendo alguma coisa, que não identificou – biscoitos talvez - e mais outros pacotes opacos lacrados. Não aguentando a tentação, pegou um desses pacotes. Ao tirá-lo, um ponto, no fundo do pequeno armário, brilhou, chamando a sua atenção. Não pensou duas vezes e enfiou a mão até tocá-lo e em seguida apertá-lo. Como num flash, foi engolido e cuspido para o outro lado. Levantou-se assustado. O local estava em completa escuridão, mas a sua frente um pequeno ponto brilhava. Foi até ele, mas antes que encostasse o dedo, o local virou dia. Quando se virou para fazer um reconhecimento do compartimento, quase caiu do susto que tomara. O seu raciocínio ficou lento. Não conseguia atinar no que estava vendo.

 

          Na superfície, quatro bandidos ou guerrilheiros deslizavam entre os escombros. Silenciosos se aproximavam da entrada do porão. O que parecia o chefe, trazendo uma pequena lanterna com um foco de luz bem fraquinho, sinalizou para que eles parassem. Os três terroristas entenderam o código e estancaram imediatamente. Depois ele apontou a luz para o que estava por último, o que levava a bazuca, e sinalizou mandando-o recuar mais. Ele então obedeceu e foi recuando até onde o chefe sinalizou para que parasse. Como era noite de lua cheia, ele conseguia ver os movimentos dos seus amigos, mesmo não tendo uma visibilidade cem por cento

 .......Continua na Semana que vem!