terça-feira, 24 de setembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 22

 


Continuando...

                - Tem todos os órgãos iguais aos dos homens. – interferiu Dr. Walter.

            - É Walter, só o sangue que difere. Tem momentos que acho que foi uma mutação. Depois daquela explosão... – ele interrompeu e olhou para Natasha. Pela expressão não ia concluir a sua narrativa. Parece que se arrependeu de ter começado a falar de uma coisa que era quase um segredo de estado, só que o estado não sabia, e que envolvia umas poucas pessoas.  

             Natasha só estava ali para cuidar do paciente, mais nada. Desconhecia se havia experimento envolvendo aquele misterioso ser. Eles não colocaram as cartas em cima da mesa.  Nada foi mostrado claramente. E já que estava ali, não podia recuar. Então, como enfermeira formada numa universidade em São Paulo, agora trabalhava quase que como uma baba.

              Ela ouviu claramente quando ele disse, disse e se arrependeu rapidamente, que tinha havido uma explosão. Agora, explosão do quê? E onde? O Dr. Fergusson percebeu que Natasha parecia pensativa e isso o deixou com uma pulga atrás da orelha. Não querendo correr riscos, já que no meio da conversa com o outro médico pudesse escapar mais alguma coisa comprometedora, preferiu dispensar a enfermeira. Mas antes que saísse, disse para que ela voltasse dentro de meia hora.

             Com esse convite para se retirar, sem nenhuma justificativa, só fez aguçar ainda mais a curiosidade de Natasha. O fato de ter havido uma explosão em algum lugar, num tempo não determinado, e a origem dessa explosão sem explicação, fazia cocegas no cérebro da enfermeira. Devia ser alguma coisa muita séria para que o médico interrompesse o comentário e a convidasse a se retirar da sala. Em três anos, nunca havia acontecido aquilo, e ela se lembrou na hora.  Mais tarde voltaria e conversaria com Dyllon, a respeito desse comentário do Dr. Fergusson. Olhou para o relógio e marcou a hora que voltaria. Mas antes de sair, deu uma olhada discreta para os médicos, que já estavam de costas para o paciente, conversando no tom de quase cochicho.

            No mesmo instante que o Dr. Ferguson mandou Natasha sair da sala, o Dr. Walter chamou a atenção do colega.

            - Fergusson, cuidado com o que fala.

            - Mas percebi, acho que ela não pescou nada, e interrompi o comentário imediatamente. Nesses anos todos, nós nunca deixamos escapar qualquer coisa para a enfermeira. Esse descuido meu, é imperdoável. – se justificou Dr. Fergusson, meio sem jeito.

            - Não estou falando só em relação a enfermeira. Estive pensando, também, sobre o nosso enigmático paciente. Acredito, já que ele está de olhos abertos, que ele possa estar entendendo tudo que se passa ao seu redor. Não sabendo ainda o seu poder de entendimento, então toda vigilância é pouca.

           Passado o tempo, precisamente meia hora, Natasha retornou para o quarto enfermaria. Os dois médicos ainda continuavam conversando à boca miúda, mas ela não conseguia entender o que falavam, apenas ouvia alguma coisa como se fosse um zumbido. Quando perceberam a chegada da enfermeira, pararam de conversar, se viraram para Dyllon, deram uma olhadela da cabeça aos pés e se retiraram do recinto, sem ao menos olhar para Natasha.

            Com a saída deles, Natasha ainda esperou alguns minutos antes de se aproximar de Dyllon. Mal colocou a mão no seu braço, as presilhas se soltaram e ele levantou-se rapidamente. A enfermeira levou o maior susto, pois ainda não se acostumara com o fato do amigo conseguir se livrar tão rapidamente das presilhas que, para quem o via diariamente, parecia um adereço, o mantivera prisioneiro por vários anos. Ela colocou a mão na boca e conseguiu engolir o grito que já estava prestes a tomar conta da sala. Dyllon, já em pé na sua frente, apenas ria gostosamente com a cara de espanto de Natasha.

             - Meu Deus, Dyllon! Assim você me mata de susto! O meu coração está batendo aqui na boca! – colocando um dedo nos lábios - Não faz mais isso não, tá? Me avisa primeiro! Dyllon, tira esse riso da cara. Sabia que você quando ri, o rosto todo ri junto? Tá curtindo com a minha cara, Dyllon?

.....Continua Semana que vem!

 

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